domingo, 23 de outubro de 2011

Baobás (DF)


Foto: Bruno Bernardes

Boa viagem boa

O espetáculo “Baobás” provoca no espectador a agradável sensação de estar diante de uma fogueira ou embaixo de uma árvore ouvindo uma história. O prazer de ouvir é compartilhado pelo prazer de contar: os seres humanos se encontram para falar de si ou do mundo visto por si. Alguns elementos acumulados ao longo do tempo e que nos ensinaram a vê-los como teatrais foram recuperados pela produção que, ao que parece, partiu do princípio do relato oral de histórias. Biografia e ficção se misturam no trato com o personagem Antoine de Saint-Exupéry. Personagens reais e fictícios são retomados pela produção dirigida por Fernanda Pacini, cuja equipe é a responsável pelo sucesso em termos de resultados estéticos que, nessa análise, interessam.

Guilherme Carvalho e Maico Silveira, sob um planetário de lona, com o público sentado no chão, aos seus pés, alternam-se em vários personagens e têm, sobretudo, a si próprios como elementos de encenação. O cenário é o teto arredondado do planetário que, quando escurecido, nos deixa imaginar estarmos diante do céu e contemplar as estrelas projetadas pela bela iluminação disposta para essa sensação. O discurso, construído desde a fila organizada para entrada no espaço, é de organizado a partir do signo “viagem aérea”. Somos viajantes a empreender uma jornada. Os aviões de papel feitos em determinado momento do espetáculo pelo próprio público, além de explorar o lado lúdico, acrescenta, converge, arregimenta o sentido “viajar na imaginação” ou “deixar a história nos levar”. Carvalho e Silveira, absolutamente excelentes em cena, conduzem a história a partir de corpos bem treinados, marcações naturais, movimentos pontuais. Respiração, voz e foco: não há um só detalhe que disperse do todo, de forma que tudo é feito minuciosamente para o deleite dos ouvintes/assistência. Em tudo o que é possível, as interpretações atingem resultados bastante positivos: o ritmo parece fazer o tempo voar, o texto proferido colore a narração, a sucessão das cenas contam com a participação do público, no sentido de interpretar a história contada, mas tem, ao mesmo tempo, elementos que parecem independer do olhar do outro tão ricos são os elementos utilizados para a sua viabilização. “Baobás” utiliza de música, de iluminação, de jogo e do trabalho do ator para seu bem viabilizar. E utiliza extremamente bem.

Com uma rápida passada por Porto Alegre, o espetáculo realizado pelo Virtù – Confraria Teatral e pelo Pirilampo Teatro de Bonecos montou sua estrutura na Usina do Gasômetro em Porto Alegre. Na plateia, público de todas as idades. Em diferentes níveis de compreensão, o autor do célebre “O pequeno príncipe”, além de outras obras, ganha uma homenagem que também é dirigida ao teatro e aos seus amantes.

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Ficha técnica:
Direção: Fernanda Pacini
Elenco: Guilherme Carvalho e Maico Silveira
Cenário: VIRTÙ – Confraria Teatral e Fernando Gama
Acessórios Cênicos: VIRTÙ – Confraria Teatral
Figurino: André Vechi
Confecção de Figurino: André Vechi e Anne Vechi
Trilha Sonora Original: Pedro Miranda
Iluminação: Carol Zimmer
Confecção Aeromodelos: Felippe Maravalhas
Coordenação de Produção: Fernanda Pacini
Produção Executiva: Maysa Carvalho
Assistência de Produção: Felipe Fernandes
Produção Porto Alegre: Paola Oppitz
Assessoria de Imprensa: Rodrigo Machado
Arte Gráfica: Estúdio Alfazê.
Diagramação: Iasmim Conde

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