sexta-feira, 29 de junho de 2012

Seis aulas de dança em seis semanas (SP)

Foto: divulgação

Um espetáculo vibrante

Escrita pelo americano Richard Alfieri (1952), a peça “Seis Aulas de Dança em Seis Semanas” estreou na Broadway em 2003, fazendo um sucesso estrondoso e se espalhando rapidamente pelo mundo todo, tendo já sido produzida, por exemplo, na Inglaterra, Austrália, Japão, Espanha, Áustria, Israel, Holanda, República Checa, Turquia, Finlândia e na Grécia, além, do Brasil, cuja montagem tratamos aqui. O Dance Comedy é um gênero raro, isto é, com poucas atualizações e esse é um dos pontos de destaque. Nesse caso, os números musicais não são cantados, mas dançados, uma graciosa metáfora para sugerir um modo de viver a vida. Com Suely Franco e Tuca Andrada no elenco, a versão brasileira tem direção de Ernesto Piccolo e produção de Fernando Cardoso e Roberto Monteiro. O espetáculo, que estreou em abril de 2011 em São Paulo, está agora em cartaz no Maison de France na capital carioca. 

O título é perigoso. Por “seis aulas” e por “seis semanas”, o público já sabe que a peça será dividida em seis partes. Logo, se as primeiras não forem boas, as últimas parecerão intermináveis. Felizmente, esse não é o caso. Com ritmo vibrante, os diálogos, assim como as danças, voam na narrativa cheia de surpresas no excelente texto de Alfieri. Com alegres coreografias de Carlinhos de Jesus e belíssimas interpretações de Franco e de Andrada, o Tango, o Foxtrot, a Valsa, o Chá-chá-chá, entre outros, são alguns dos gêneros de dança que aparecem no espetáculo, contribuindo positivamente para a poética da produção. 

A peça nos traz dois universos distintos, que se interagem seja pelo antagonismo, seja pela identidade, oferecendo ao espectador a possibilidade de reconhecer seus próprios dilemas naquilo que é exibido no palco, sempre acompanhado de belos números de dança. Elegante ainda que num estilo conservador, Lily Harrison (Suely Franco) é uma senhora rica e solitária que contrata um professor de dança para aprender a dançar. Eis que aparece o professor Michael Minetti (Tuca Andrada), trabalhando por dinheiro, descrente das pessoas e do amor. Entre uma provocação e outra, muitas discussões. Lily e Michael vão se conhecendo, superando as diferenças, aprendendo um com o outro e desenvolvendo uma estreita relação. O resultado é um espetáculo de entretenimento que faz lágrimas caírem em meio a gargalhadas, sem pieguisses ou clichês e sempre desviando dos lugares comuns. 

A dupla de atores chega ao Rio de Janeiro afinadíssima. É visível a cumplicidade entre os dois na leveza com que a história é contada. Com magníficos figurinos de Cláudio Tovar e não menos virtuoso cenário de Vera Hamburguer, a trilha sonora original de Fernando Moura e a iluminação de Wagner Freire partilham a responsabilidade pelos bons méritos na parte visual. 

O encontro destes personagens, que compartilham a mesma paixão pela dança, abre caminho para a abordagem de temas como família, amigos, situação econômica, velhice, juventude, solidão, vaidade, preconceitos, liberdade, opressão e as alternativas para uma vida feliz e plena, independente da idade que se tenha. Eis aí um espetáculo que deve ser visto e revisto muitas vezes. 


Ficha Técnica
Texto: Richard Alfieri
Tradução: Ciça Correa e João Polessa Dantas
Direção: Ernesto Piccolo
Elenco: Suely Franco e Tuca Andrada
Coreografia: Carlinhos de Jesus
Direção de arte/Cenografia: Vera Hamburger
Figurino: Claudio Tovar
Iluminação: Wagner Freire
Programação visual: Estúdio Tostex
Fotografia: João Caldas
Produção Executiva: Silvia Rezende, Silmara Deon e Edmar Caetano
Direção de Produção: Fernando Cardoso
Direção de Produção: Roberto Monteiro
Realização: Mesa 2 Produções

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindo!