sábado, 2 de junho de 2012

O Cara (RJ)

Foto: divulgação



Excelente: Paulo Mathias Jr. é O Cara

Paulo Mathias Jr. está ao lado de Dani Barros no pódio das melhores interpretações do ano de 2012 em monólogo: ela no drama-documentário "Estamira: à beira do mundo" e ele na comédia engraçadíssima de que aqui se tratará. “O Cara”, que tem texto e direção de Miguel Thiré, está em cartaz no palco do Centro Cultural Justiça Federal (Rio de Janeiro / RJ). Eis apenas um ator, interpretando vários personagens na narração da vida do publicitário Getúlio da Silva Batista, um dos homens mais ricos e mais jovens do planeta. Vale a pena ver!

É verdade que apenas Paulo Mathias Jr. daria conta de providenciar ao público bom divertimento. O ator apresenta movimentos mínimos tão bem desenhados quanto os mais expansivos, movimenta-se com presteza e complexidade no palco e mostra seus personagens com marcas muito específicas na expressão facial e corporal. No entanto, em “O Cara”, é desleixo não prestar atenção nos outros detalhes. A iluminação de Felipe Lourenço atua no sentido de auxiliar o espectador a identificar as diversas situações, mas o ritmo perfeito com que os spots se apagam e se acendem dá movimento, graça e beleza ao conjunto de forma ímpar. O figurino de Elisa Faulhaber une a história de um ponto a outro: aos 27 anos, Getúlio Batista ganhava o terceiro prêmio de Publicitário do Ano e, aos 30, era um dos homens mais poderosos do mundo. Jovialidade e despojamento, assim, estão próximos da classe e do requinte nas roupas que o personagem veste.

Além de tudo, a trilha sonora é um dos elementos mais especiais da produção. Em “O Cara”, a música vem do jeito como Paulo Mathias Jr. articula as palavras, dá forma para as frases, compõe as vozes e, a partir delas, dá a ver os personagens. A supervisão artística de Elena Constantinovna, responsável pela fala cênica, resulta, desse jeito, em um trabalho singular de excelente valor estético. Miguel Thiré, que assina a união de todas essas qualidades em um todo único e diegético, finca um espetáculo de altíssima qualidade na programação teatral carioca a guisa da simplicidade visual de sua produção.

Quando a história começa, Getúlio já é um profissional de sucesso no mercado publicitário. No texto de Thiré, a força que leva o herói a ir adiante é a ambição. Getúlio quer estrelar na capa da Revista Forbes como um homem poderoso em todos os cantos do mundo. Com bons desafios vencidos na narrativa nas primeiras cenas, além do fato de que há apenas um ator sem cenário para a construção cênica disso tudo, a narrativa torna-se mais superficial na medida em que a história se aproxima do seu fim. Depois dos sessenta minutos, Getúlio é entrevistado em um programa de televisão. É um dos melhores momentos da peça. O homem mais rico do planeta descobre a simplicidade enquanto o teatro, aqui, se reencontra com o que de seu há de mais puro: o palco, o ator e o público.


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Ficha técnica:
Texto e Direção: Miguel Thiré
Atuação e Colaboração: Paulo Mathias Jr.
Fala cênica e Supervisão artística: Elena Constantinovna
Programação visual e Assistente de direção: Raquel Alvarenga
Figurinos: Elisa Faulhaber
Desenho de luz: Felipe Lourenço
Assessoria de imprensa: Minas de Idéias
Fotos: Guga Melgar
Produção executiva e Administração: Rachel Lamm
Direção de produção: Carlos Grun
Realização: Bem Legal Produções