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Foto: divulgação
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Anderson Cunha e Daniela Fontan |
Divertida comédia de Leandro Muniz
“Sucesso” é uma divertida comédia que terminou ontem sua segunda curtíssima temporada no Rio Janeiro. A primeira foi no Sesc Tijuca e a outra no Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia. A peça, com texto e direção de Leandro Muniz, narra a história de um homem que chega à vida adulta sem conhecer a identidade do pai. Fracassado em todos os seus empreendimentos, da infância em orfanatos à insólita carreira como escritor de sua biografia, ele vive à sombra de Henrique Sanchez, a quem o sucesso parece alcançar facilmente. Através de cenas deliciosas, diálogos ágeis e de cenas cheias de teatralidade, o espetáculo diverte o público que gargalha ao longo de toda a encenação. Os atores Diego de Abreu, Fabiano Lacombe, Juliana Guimarães e Rafael Pissurno apresentam bons trabalhos ao lado de Anderson Cunha, Daniela Fontan e de Pedroca Monteiro, que brilham em suas atuações. O modo como a luz, o cenário e o figurino se envolvem com a encenação é outro ponto alto do espetáculo.
Ótimo texto de Leandro Muniz
A dramaturgia é não linear, isto é, os fatos não aparecem em ordem cronológica. Além disso, a reconstrução das memórias do personagem protagonista divide lugar com a narrativa delas como em uma vertigem. Os diálogos ácidos, em cenas cheias de ironias e em jogo que não dispensa o público, dão o tom de comédia que faz a audiência gargalhar. Sabe-se, desde sempre, que se está assistindo a uma peça teatro: contrarregras são visíveis, as partes internas do teatro também, cenários, fontes de luz e figurinos surgem desvestidos de qualquer intenção ilusória. Nada disso, e talvez esse seja o ponto mais interessante de toda a obra, retira de “Sucesso” a poética capaz de constituir o espetáculo como um meio em que metáfora é também convite para novo olhar da realidade.
As desventuras do Narrador (Anderson Cunha), que colocam o público em lugar bastante sarcástico de quem se diverte com a desgraça alheia, vão ficando cada vez mais absurdas. Desprezado pela mãe (Juliana Guimarães), que dirige a ele ofensas sempre piores, ele foi entregue a um orfanato. De lá, foi trabalhar na distribuição de alimentos aos pobres, onde conheceu Constantine (Daniela Fontan), por quem se apaixonou. Sem conhecer a identidade do pai e o paradeiro da amada, tentou ainda trabalhar no teatro e também como office-boy. Nessas situações, conheceu Henrique Sanchez, seu exato oposto.
Ao longo da peça, a figura de Henrique Sanchez paira assustando o Protagonista, cercando-o, apontando nele tudo o que ele infelizmente não é. As tentativas desse de conhecer o pai tornam-se sua saga em busca de algum sentido para a vida de modo que, por mais risível que ele seja, resta-lhe ainda algo pelo qual a vale a pena torcer. O final, em que Leandro Muniz não mostra qualquer piedade, é coerente com a proposta, assegurando os méritos dessa preciosa dramaturgia.
Anderson Cunha em ótima atuação
Pedroca Monteiro |
Na direção do dramaturgo, texto e encenação se misturam de modo claramente coeso. O figurino de Bruno Perlatto e de Tuca, mas principalmente a luz de Paulo Denizot, a direção musical de Fabiano Krieger e o cenário de Denizot e de Janaína Wending estão envolvidos com a estrutura dos quadros de maneira articulada, fazendo com que o espetáculo pareça íntegro. Quase todos os atores interpretam vários personagens na história. Um bom repertório de expressões é recuperado por eles que, como já dito, se apoiam positivamente na contribuição desses outros elementos estéticos (alheios aos seu próprio corpo). A agilidade que Muniz, assistido por Julia Tavares, impõe à cena é responsável pelo ótimo ritmo, mas principalmente pelos modos de exploração desse universo de possibilidades. “Sucesso” é uma máquina que se movimenta inteira pelo tempo, ocupando-se do espaço e promovendo diversão e análise.
Diego de Abreu, Fabiano Lacombe, Juliana Guimarães e Rafael Pissurno apresentam boas atuações, garantindo, no todo, os méritos da montagem. No entanto, Daniela Fontan e Pedroca Monteiro, com maiores oportunidades de aprofundar seus personagens menos numerosos, brilham pelo ótimo uso do corpo e da voz em participações engraçadíssimas. Anderson Cunha, em excelente participação, dá vida ao personagem Narrador, oferecendo ao público profundidade e graça em trabalho que vai do ritmo ágil da comédia à crítica que ele faz de si próprio ao narrar sua vida.
“Sucesso” é uma grata surpresa na programação teatral do Rio de Janeiro. Que venham novas oportunidades de aplaudir.
Ficha técnica:
Texto e direção: Leandro Muniz
Elenco: Anderson Cunha, Daniela Fontan, Diego de Abreu, Fabiano Lacombe, Juliana Guimarães, Pedroca Monteiro e Rafael Pissurno
Cenário: Paulo Denizot e Janaína Wendling
Iluminação: Paulo Denizot
Figurino: Bruno Perlatto e Tuca
Direção Musical: Fabiano Krieger
Direção de Movimentos: Carol Pires
Assistente de Direção: Julia Tavares
Assistente de Cenário: Aline Pais
Assistente de Iluminação: Daniel Ramos
Assistente de Produção: Gabriela Prado
Programação Visual: Pablito Kucarz
Direção de Produção: Junior Godim
Idealização: Anderson Cunha e Leandro Muniz
Realização: Quase Companhia
Assessoria de Imprensa: Duetto Comunicação
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