quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mulheres do Brasil (RJ)

Janaína Azevedo e Beth Lamas em cena
Foto: Sonia Moraes

Simplicidade e força


“Mulheres do Brasil” é sobre a força feminina na história da música brasileira, mas principalmente sobre a responsabilidade que cada cantora tem ao cantar e, assim, fazer parte desse grupo cheio de grandes estrelas do passado e do presente. Tendo estado em cartaz no Teatro Clara Nunes no Shopping da Gávea, a peça, que tem direção de Sergio Módena e de Gustavo Wabner, tem como grandes pontos positivos a química entre Beth Lamas e Janaina Azevedo, além dos elogiáveis talento e a técnica que ambas em particular utilizam ao viabilizar momentos de grande deleite. Merece, por isso, mais e mais temporadas.

É notória a qualidade vocal de Beth Lamas e de Janaína Azevedo e do belo repertório escolhido e dado a ver desde a primeira canção em meio ao, também, belo texto de José Mauro Brandt com poesias de Luiz Alfredo Millecco. Mesmo assim, é preciso dizer que “Mulheres do Brasil” começa mal, pois as cenas iniciais expõem uma situação que é muito frágil aparamente, com pouca força para levar adiante o interesse por sobre a obra que esteve em cartaz. Uma das personagens, Joana (Lamas) teve uma desilusão amorosa e, nesse ínterim, uma voz desconhecida passa a ser ouvida. Essa aparência inicial de teatro comercial mal feito felizmente se desfaz em determinado momento. É quando e a força da peça surge com galhardia afastando as impressões iniciais: essa voz que é ouvida por Joana não é qualquer voz e há que se ver a peça para saber de quem ela é. Nesse momento, o espectador entende o que uma personagem faz diante da outra e a importância das duas para algo de que compartilhamos: o prazer em ouvir boa música (brasileira). Aí o espectador entra na peça e sente-se confortável para fruir as canções sem ter mais que esforçar-se para dar sentido ao espetáculo. Os aplausos estão prontos para virem.

São extremamente positivos os figurinos de Nello Marrese e a movimentação cênica assinada por Mariana Baltar, enfrentando o desafio da ação em meio aos números musicais com inteligência, criatividade e elegância. Por isso, é também negativa a participação de Samir Farias como ator, apresentando-se mal vestido, mal situado e sem uma fração da força de Lamas e de Azevedo enquanto intérprete musical ou cênico. Sua presença, por ele ser o diretor musical e arranjador, parece ser mais afetiva do que realmente profissional, o que é um desvalor. Mesmo assim, valem os elogios enquanto responsáveis pela instrumentação das canções. 

“Mulheres do Brasil” fala sobre cantoras, mas poderia falar sobre qualquer profissão: a peça é um argumento em favor de cada um encontrar-se no mundo. Cheio de méritos, esse musical encanta pela simplicidade e contagia pela força. Depois dessa primeira temporada, que surjam mais oportunidades para o aplauso merecido.

*

Ficha Técnica:
Elenco: Beth Lamas, Janaina Azevedo e Samir Farias
Direção: Sergio Módena e Gustavo Wabner
Direção musical e arranjos: Samir Farias
Textos: José Mauro Brant
Poesias: Luiz Alfredo Millecco
Preparação Corporal e Direção de Movimento: Mariana Baltar
Cenário e Figurino: Nello Marrese
Iluminação: Paulo Roberto Moreira dos Santos
Designer de Som: Fernando Cunha
Idealização: Beth Lamas, Janaina Azevedo e Samir Farias
Gestão do Projeto: Três! Ideias e Soluções Culturais_Gabriela Mendonça, Paula Salles e Renato Bavier
Assessoria de Imprensa – Lu Nabuco Assessoria em Comunicação

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