segunda-feira, 1 de julho de 2013

Caso do Júri (RJ)

Bruno dos Anjos, é Edson, o noivo malandro
Foto: divulgação

Um privilégio para o Rio

Pra quem assistiu, foi simples, ágil, leve, fácil e muito divertido. Em “Caso do Júri” (“Trial by Juri”), é possível identificar, também, rapidamente excelente uso das vozes e dos arranjos, ótima adaptação do texto original da Londres Vitoriana para o Brasil da República Velha, boas interpretações e magnífico uso do espaço. Produção conjunta do Centro Cultural do Poder Judiciário do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a opereta dos ingleses William S. Gilbert & Arthur Sullivan, escrita em 1875, cumpriu recentemente segunda temporada no Antigo Palácio da Justiça, com versão brasileira e direção assinadas por José Henrique, direção musical de Marcelo Coutinho e regência de Juliano Dutra. Na equipe, alunos da Escola de Escola de Direção Teatral, da Escola de Comunicação e da Escola de Música da UFRJ, da Uni-Rio, da Escola Villa-Lobos, do Senai/Cetiqt e do Conservatório Brasileiro de Música em um grandioso elenco diante de um meritoso trabalho de orquestra, cuja união honrou a programação teatral da Cidade Maravilhosa. Há aqui um dos raros momentos em que a palavra “privilégio” pode ser bem usada. Foi um privilégio aplaudir esse espetáculo. 

O gênero opereta é um dos cinco braços de que saiu a comédia musical americana que, desde 1927, se conhece mundo afora. Trata-se de um deboche da ópera tradicional, realizada com vistas ao grande público, que não podia pagar pelos grandiosos e demorados espetáculos e nem tampouco tinha paciência para eles. Nesse sentido, forma o gênero as peças curtas, os solos nem tão agudos e nem tão graves, o ritmo mais ágil e, sobretudo, as histórias mais engraçadas. Como no Brasil foi se chamar a “chanchada”, a opereta partia de situações cômicas cotidianas para entreter o público e criticar o tido por “culto”. “Caso do Júri”, por exemplo, trata-se do julgamento de um noivo que quebra o contrato de noivado e, segundo a lei, deve pagar à noiva uma quantia por isso. Trazida para o Brasil, no início do século XX, a situação da nova versão (com melodias originais) é perfeita para o encontro com o malandro tradicional, que pode até não ser muito bonito, mas sem dúvida é muito sedutor. À baila, estão a corrupção dos membros dos júri, a frivolidade das moças da plateia, a superficialidade da vítima e a parcialidade do juiz, tudo isso bem brasileiro. Com canções rápidas, divididas em estrofes e com refrãos populares, a narrativa flui maravilhosamente bem, agradando a todos. 

Nas atuações do elenco, destacam-se as brilhantes participações de Marcelo Coutinho como o Juiz e de Allan Souza como o Meirinho. É válido frisar, no entanto, que o conjunto está excelente. Junta-se a isso, o excelente uso do figurino, que caracteriza época e os personagens sem necessitar de maior atençãoo, o que seria prejudicial, e o uso do espaço na coreografia dos movimentos em cada número que se sucede ascendente e positivamente. 

Na contrapartida de produções que só são grandes e bem feitas quando também são caras e apresentadas a preços altos, “Caso do Júri” é uma excelente iniciativa que não deve morrer na segunda temporada. Ela exibe o talento, muitas vezes escondido, daqueles que ocupam ainda os bancos das Escolas e Universidades e, ao mesmo tempo, a técnica de coordenadores experientes e bem intencionados. O resultado é vibrante. Parabéns! 

*

Ficha Artística e Técnica: 
Música: Arthur Sullivan
Libreto: William S. Gilbert
Arranjo: Philip Joslin
Versão Brasileira e Direção Cênica: José Henrique
Direção Musical: Marcelo Coutinho
Direção de Movimento e Coreografia: Marcellus Ferreira
Figurino: Marcela Cantaluppi e Moara Alcântara
Iluminação: Sistema Universitário de Apoio Teatral – SUAT/UFRJ
Caracterização: Lívia Porch
Orientação de Figurino e Caracterização: Desirée Bastos
Assistência de Direção: Manuel Thomas
Assistência de Figurino: Amanda Ramos, Marcela Diniz e Martina Guenther
Equipe de Figurino e Caracterização: Bruna Falcão, Mariana Meirelles, Raíra Yammê, Raquel Novaes e Rebeca Banus
Alfaiataria: Carla Aparecida da Costa, Cláudia Souza Ferreira, Ivonete Campos Palmeira Leite, Ivete Martins do Nascimento da Silva, Lilian Cabral dos Santos, Nathália Labanca Beskow, Nazaré França da Silva, Rones Hermínio e Silvania Carla de Moraes (Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário – SENAI/CETIQT)
Orientação de Alfaiataria: Eliete Cássia Nascimento Fonseca e Luiz Claudio da Silva (Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário – SENAI/CETIQT)
Costura: Caio Braga, Dora Pinheiro e Vera Melo
Vestido de Noiva: Glória Noivas
Assessoria de Imprensa: Diretoria-Geral de Comunicação Institucional do TJRJ
Setor de Comunicação da EM/UF
Fotografia: Ana Liao e Marcelo Carnaval
Projeto Gráfico: Sydney Michelette Júnior

Elenco:

Solistas:
O Meritíssimo Juiz (barítono): Marcelo Coutinho
Angelina, a Requerente (soprano): Marcela Duarte
Édson, o Réu (tenor): Bruno dos Anjos
O Advogado da Requerente (barítono): Fernando Lourenço
Meirinho (baixo): Allan Souza
Primeiro Jurado (barítono): João Azeredo

Coros:

Jurados:
Alexandro Borba e Noel Nascimento (tenores)
Edvan Moraes, Gilmar Garantizado, João Gabriel Borges e João Penchel (barítonos)

Madrinhas e Daminhas:
Ana Oliveira, Monaliza Lima, Carolina Azeredo e Luíza Lima (sopranos)
Julia Anjos e Nadine Fuchshuber (mezzos)

Membros do Público:
Anne Fuschurber, Lis Santos e Taís Feijó (sopranos)
Camila Maia, Isabela Freitas, Rafaela Fernandes, Tayane Pereira (mezzos)
Leandro Ribas, Leon Nascimento e Paulo Ribeiro (tenores)
Giovanni Offrede e Leonardo Soares (barítonos)

Guarda: Daniel Cintra (barítono)


Orquestra Sinfônica da UFRJ

Regência: Juliano Dutra
Direção Artística: André Cardoso e Ernani Aguiar
Flautas: Priscila Maia Machado e Timóteo Pereira
Oboés: Pierre Descaves e André Secádio
Clarinetas: Adilson José Alves Filho e Amilton José da Silva Júnior
Fagotes: Pedro Paulo Parreiras e Juliano Barbosa
Trompas: Sérgio Motta, Isaque Almeida e Luciano Oliveira
Trompetes: Gabriel Linhares Quintão e Bianca Vieira da Silva
Trombones: Quenonias Ribeiro Cruz e Olga Sodré Santos
Percussão: Pedro Moita e Tiago Calderano
Violinos 1: Luiz Henrique Lima, Kelly Davis, Clara Lúcia dos Santos, Monique Cabral da Ponte, Leonardo da Silva Pinto e Ranan Antonini
Violinos 2: André Bukowitz, Marcos Vinícius Graça, Josué Real Guimarães, Arthur Pontes, Ricardo Coimbra e Paulo Gabriel Gonçalves
Violas: Isadora Scheer Casari, Eric Alves, Francisco Pestana e Thaís Mendes
Violoncelo: Diogo Moura de Souza, Murillo Gonçalves, Liana Meirelles Paes, Joao Bustamante e Marzia Miglietta
Contrabaixo: Tarcísio Silva, Voila Marques e Larissa Coutrin
Correpetição: Maria Luisa Lundberg e Anderson Beltrão

Equipe de Produção

UFRJ/ Produção Executiva: Erika Neves, Rúbia Rodrigues (Direção Teatral/ECO)
José Mauro Albino (Escola de Música)

CCPJ-Rio

Produção Executiva: Carolina Ramos
Assistência de Produção: Sara Machado
Secretaria: Ramon Roque
Direção de Produção: Sílvia Monte
Coordenação Geral do Projeto: José Henrique

Realização:
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Pró-Reitoria de Extensão
Escola de Comunicação – Curso de Direção Teatral
Escola de Música – Projeto Ópera na UFRJ
Escola de Belas Artes – Curso de Indumentária
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Diretoria-Geral de Comunicação Institucional
Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

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