segunda-feira, 18 de março de 2013

A família Addams (SP)

Cláudio Botelho assina excelente versão
nacional de espetáculo americano
Foto: divulgação

Imperdível!

 Os americanos sabem fazer musical como ninguém no mundo. (Por sua vez, ninguém ganha do Brasil em chanchadas: “A Revista do Ano”, “As Mimosas da Praça Tiradentes”, “Porta dos Fundos”, “TV Pirata” e várias histórias debochadas de todo e qualquer assunto por mais ou menos sério que ele possa ser.) Uma produção estadunidense, “A Família Addams”, embora tenha sido feita no Brasil, tem como principais assinaturas as de profissionais que são de lá, que vivem e que moram na Broadway (Nova Iorque). Logo, o idioma português e os atores do Brasil não fazem do espetáculo um produto nacional, mas, além de Policarpo Quaresma, quem lá quer saber disso? O que importa mesmo é que, em cartaz no Vivo Rio, está um espetáculo de primeiríssima grandeza para se ver e rever muitas vezes, aplaudindo sua excelência em todos os quesitos, sem deixar nada a desejar a não ser o gostinho de quero mais. 

Cláudio Botelho, responsável pela versão brasileira, da peça cujo texto é de Marshall Brickman e de Rick Elice, música e letras de Andrew Lippa, coreografias originais de Sergio Trujillo e cuja direção original é de Jerry Zaks, Phelim Mcdermott e de Juliam Crouch, tem os seus melhores momentos em “Dancei” e em “Feliz, Triste”, além, claro, dos números de abertura e de encerramento tanto do primeiro como do segundo ato. Botelho comprovadamente entende de musicais como poucos no Brasil, mas nem sempre o material base de que ele parte fornece ao encenador tantas possibilidades de acerto. Aqui, a impressão que se têm é de que se trata de uma versão totalmente original tamanha a naturalidade com que as palavras em português parecem caber na música, nos diálogos e nos movimentos que, no Brasil, foram brilhantemente adaptados pela coreógrafa Fernanda Chamma. O todo é coeso, ágil, engendrado ascendentemente, disposto a não deixar o público “respirar”, a atenção se esvanecer e o ápice se afastar. Efeitos especiais (Gregory Meeh) alimentam a sanha do público em cada nova cena, manipulados com exata perfeição, elegância e, sobretudo, inteligência. Os cenários e figurinos de Mcdermott e de Crouch, auxiliados pelo desenho de luz de Natasha Katz, se movimentam pelo palco com graça, enchendo os olhos, narrando a história e presenteando a audiência com momentos de sublime entretenimento em que se esquece do mundo lá fora e se vibra embevecido pelo mundo ficcional que se descortina na cena musical. 

Daniel Boaventura e Marisa Orth brilham como Gomez e Mortícia Addams, o casal apaixonado que se encontra na iminência do casamento de sua única filha, Wandinha (Laura Lobo). Dando a ver uma construção que abusa da extrema elegância, de expressões delicadas (e raras) e um marcado tom aristocrático, Orth está excelente em sua performance. Boaventura, com voz inigualável, proporciona um Gomez latino: forte, sensual, dramático e fiel. Os olhos quase sempre semicerrados e a embocadura semiaberta valorizam os tons mais graves, sem prejudicar a dicção. O personagem, assim, entre homem e menino, ganha o público com extremo carisma. Positivas são também as participações de Laura Lobo, Gustavo Daneluz (Feioso), Wellington Nogueira (Mal), Beto Sargentelli (Lucas), Rogério Guedes (Tropeço) e Iná de Carvalho/Keila Bueno (Vovó). Mas dois destaques se fazem necessários: Paula Capovilla e Claudio Galvan “roubam” a cena respectivamente como Alice e Fester em excelentes atuações. Galvan mostra-se à vontade, coeso, natural em cena, proporcionando momentos bastantes especiais na encenação como no número “A Lua e Eu”. Capovilla, com linda voz, protagonizando os momentos cômicos, deixa o público se divertir enquanto exibe uma Sra. Beineke enrijecida, mas ainda sensível por sua vez. 

Com um grupo de excelentes bailarinos e bailarinas, cantores e cantoras, em que se acrescentam os músicos dirigidos por Vânia Pajares e regidos por Márcio Telles, “A Família Addams”, depois de meritosa temporada em São Paulo, está infelizmente prestes a encerrar estadia na Cidade Maravilhosa. Quem ainda não desfrutou desse privilégio, é bom que não perca tempo. 

*

Ficha técnica:

Elenco:
Morticia Addams – Marisa Orth
Gomez Addams – Daniel Boaventura
 Tio Fester– Claudio Galvan
Vovó – Iná de Carvalho
Wandinha Addams – Laura Lobo
Feioso Addams – Gustavo Daneluz e Matheus Lustoza
Tropeço – Rogério Guedes
Mal Beineke – Wellington Nogueira
Alice Beineke – Paula Capovilla
Lucas Beineke – Beto Sargentelli

e

Andressa Andreatto, Fabi Bang, Felipe Abrahão, Kauê Braga, Marcelo Vasquez, Marisol Marcondes, Milena Lopes, Ricardo Vieira, Thais Garcia e Will Anderson

PIT COVER
Andreia Vitfer

PIT SINGER
Nick Vila Maior

SWINGS
Dani Calicchio, Fernando Marianno, Keila Bueno e Vandson Paiva

Assistente de Dance Captain – Fernando Marianno
Dance Captain – Thais Garcia

Um comentário:

  1. Tenho necessidade de fazer um trabalho sobre a cenografia da peça e nada encontro
    nane_bs@hotmail.com

    ResponderExcluir

Bem-vindo!