quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pedras nos Bolsos (RJ)

Foto: divulgação

Excesso negativo

“Pedras nos Bolsos” é um belo texto bastante premiado da irlandesa Marie Jones. Na plateia, uma boa montagem dele deve fazer com que o espectador comece rindo e saia chorando ou, pelo menos, emocionado. Apesar, de muito bem traduzido por Ana Luiza Martins Costa e por Laura Ronai, a montagem brasileira, dirigida pelo inglês David Herman, no entanto, fica aquém da versão original, garantindo a boa fluência dos diálogos, mas longos minutos de monotonia infelizmente. 

Luiz Furlanetto e Paulo Trajano interpretam dois figurantes, Charlie e Jake, em um longa metragem que está sendo filmado na pequena cidade irlandesa de County Kerry. A trama, escrita em 1996, narra as aventuras e desventuras desses dois homens que, como todo mundo, sonham com um pouco mais de conforto na velhice que já se anuncia para ambos. O set é o lugar principal desses conflitos: a fila da alimentação, o homem do pagamento, as gravações, a espera para filmar, as noites no bar local, as mudanças climáticas, o mal humor dos assistentes de direção, o encontro com estrelas de Hollywood. A identificação é natural. Os dois homens simples que se encontram no interior da Irlanda são metáfora para qualquer um que vêm de um lugar simples e almeja mais, embevecido com os próprios sonhos. O problema da produção atual, que tendo estreado em 2010, agora ocupa a Sala Tônia Carrero do Teatro Leblon, é o ritmo das interpretações. 

Falta medida no jogo de cena. São 15 personagens, homens e mulheres, numa evolução complicada, cujo mérito pelo alcance parcial deve ser reconhecido. Há que se apontar, porém, que o ritmo vertiginoso da troca entre figuras paira exatamente igual do início ao fim, cansando o espectador tão logo ele perceba o como a história será narrada, o que acontece logo nos primeiros minutos. Trajano, que está bem como a atriz Caroline Giovani, está expressivo demais em todos os outros personagens, sobretudo em Jake, um dos protagonistas. Há um excesso de marcas tanto nos movimentos faciais como proxêmicos que impedem um fluir mais natural da encenação. Furlanetto está excelente na interpretação das figuras, mas não consegue driblar o peso de Trajano com quem contracena. Falta, assim, equilíbrio na montagem que poderia ascender ao invés de permanecer linear. 

Desirée Bastos oferece um bom resultado visual nos figurinos e Wilson Reiz providencia belos momentos à fruição de “Pedras nos Bolsos”. A trilha sonora de Herman também é outro ponto positivo na produção. 


FICHA TÉCNICA 

Autor Marie Jones 
Tradução Ana Luiza Martins Costa
e Laura Ronai 
Direção, Cenário e Trilha Sonora David Herman
 
Atores 
Luiz Furlanetto 
e Paulo Trajano
 
Iluminação
 Wilson Reiz 
Figurino
 Desirée Bastos
 
Programação visual 
Rita Ariani
 
Assistente de direção e Som Daniel Santamaria
 
Assessoria de Imprensa
 Ana Gaio
 
Produção Executiva
 Rogério Corrêa
 
Coordenação Geral 
Gustavo Ariani
 
Idealização
 Gustavo Ariani e Rogério Corrêa
Realização 
3Tempos Produções Culturais 

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