terça-feira, 21 de agosto de 2012

Na sobremesa da vida (RJ)


Foto: divulgação

Uma sobremesa muito saborosa, mas que não enche os olhos

            Dirigido por Ernesto Piccolo, o texto de Maria Letícia, é fluente. A história da vida do ator Emiliano Queiroz, que com esta montagem celebra os seus 60 anos de carreira, é contada de forma surpreendentemente ágil, potente e interessante. Há diminuições no ritmo nas cenas mais densas e há corridas nas passagens mais cômicas. Com extrema habilidade, no palco, há um show de grande talento resultando também de larga e comprovada experiência tanto no que diz respeito dos atores protagonistas quanto da direção.
            "Olá. Eu sou Emiliano Queiroz, tenho 76 anos de idade e 60 de ofício" – é assim que começa o espetáculo que pode ser encarado como uma aula de teatro brasileiro. São 76 anos de história em setenta minutos de narrativa cênica. Lá estão trechos de montagens famosas, como “Navalha na Carne”, “Dois Perdidos Numa Noite Suja” e “Ópera do Malandro”, além de cenas que remetem à história da televisão, com referências à Glória Magadan, Janete Clair e Dias Gomes, entre outros. Do início da vida do ator aos seus últimos trabalhos no teatro, no cinema e na televisão, ao público é oferecido um panorama da história do país, das dificuldades de se conseguir sucesso na carreira como ator, além de detalhes da vida pessoal de Emiliano Queiroz, que fazem rir e fazem enternecer.
            Emiliano Queiroz e Ivone Hoffmann dão um show de interpretação nos diversos personagens que constroem. Suas participações trazem vida à cena e são responsáveis pelo excelente ritmo narrativo já destacado. Ana Queiroz, mas, sobretudo, Antônio dos Santos, no entanto, nem de longe conseguem os mesmos bons resultados infelizmente. Também infelizmente os elementos visuais contidos no espetáculo não são dignos da história que se conta e da forma como ela é contada. Os figurinos de Rosa Magalhães não parecem figurinos, mas roupas improvisadas para o espetáculo, sem o menor estudo sobre paleta de cores, texturas e movimento. O cenário, duas “cadeiras”, é igualmente feio, também dando a impressão de que não foi esteticamente planejado. O desenho de iluminação é pobre e sem informação e a trilha sonora é esquecível. As projeções são pobremente editadas e a programação visual também não valoriza o espetáculo. A sobremesa, assim, bastante saborosa, mas não é agradável de olhar, o que é uma pena.


FICHA TÉCNICA:

Recebeu o Prêmio Montagem Cênica 2011, tem o patrocínio da Petrobrás - viabilizado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro - Governo do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura.

Elenco: EMILIANO QUEIROZ, ANTONIO DOS SANTOS E ANA QUEIROZ
Participação especial: IVONE HOFFMANN
Texto: MARIA LETÍCIA
Direção: ERNESTO PICCOLO
Cenário e figurinos: ROSA MAGALHÃES
Iluminação: AURÉLIO DE SIMONI
Trilha original: FERNANDO MOURA
Preparação corporal: MÁRCIA RUBIN
Produção: ESTÚDIO PESQUISA E CRIAÇÕES ARTÍSTICAS
Informações para a imprensa: ANGELA FALCÃO COMUNICAÇÃO

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