Foto: divulgação
Exemplo da boa programação do Festival deTrupe 2012
“Orlando!”
é uma livre adaptação da obra homônima da inglesa Virgnía Woolf (1882-1941),
lançada em 1928. Dirigido por Flávio Souza e interpretado por alunos da Escola
de Teatro Martins Pena, o texto foi concebido a partir um processo colaborativo
entre os envolvidos, incluindo outros autores como Marina Colassanti. O espetáculo
faz parte da 2ª edição do deTrupe – Encontro Internacional de Grupos Teatrais,
uma mostra não competitiva de teatro, realizada pelo Grupo Milongas. “Orlando!”
participou da Mostra Universitária.
Flávio
Souza e seu elenco contam a história de uma maneira bastante teatral. Orlando,
um jovem protegido da Rainha Elizabeth I, tem o dom da eternidade. Um belo dia,
acorda mulher, mas ainda se lembra do seu passado enquanto homem. Na obra de
Woof, eis aí um dos seus trabalhos mais populares, o ritmo da narrativa age no
sentido de equilibrar a passagem do tempo narrativo (350 anos) com o tempo da
narração (o número de páginas do romance). “Orlando” é conhecido por ser um dos
clássicos da literatura moderna, sobretudo, pelo trato com a questão do gênero.
Na análise da peça, o adjetivo “teatral”, quer chamar a atenção para a exploração
da potencialidade cênica dos signos, para o movimento, para a metáfora, para o
jogo entre os atores na encenação. Há vários atores interpretando o mesmo
personagem, as marcas são postas de forma equilibrada e viva, os quadros são
sempre ricos em possibilidades de sentido. A narrativa flui muito mais pela
composição das cenas do que pelos diálogos, o que diminui a força da
literatura, sem desvalorizá-la, construindo o teatro.
“Orlando!”
versa sobre o homem e a mulher e os relacionamentos de uma forma bastante
inteligente, o que é difícil e, talvez por isso, raro. Tratam-se dos encontros
e dos desencontros no que se refere a amor, amizade e a laços familiares
delicadamente. A construção argumentativa, que não é retórica, oferece momentos
cômicos e em que também há o convite para a emoção de jeito que todos os
diferentes níveis do assunto são tratados de forma humana, o que aproxima
positivamente o público da cena.
No elenco,
estão André Mutran, Anna Luiza Mendes, Bárbara Abi-Rihan, Douglas Amaral, Raoni
Costa,Tânia Roessing e Vanessa Dias, com destaque positivo para Ricardo Rocha, Samuel
Paes de Luna, Vanessa Úrsula e Viviane Pereira. É fácil sentir que o
grupo é integrado, coeso em suas ações, preocupados em dar a ver um belo espetáculo.
Os destaques vão pela forma aparentemente leve, mas pontual com que alguns
atores dizem o texto. Há neles graça, carisma e marcas de verdade.
Flávio Souza
é figurinista conhecido no Rio de Janeiro por excelentes trabalhos. Como, por
isso, não poderia deixar de ser, “Orlando!” tem ótimos usos dos elementos
visuais. Cenário, luz e figurinos são, além de bonitos, úteis à narrativa na
medida em que oferecem possibilidades ao jogo e à construção do sentido. O
mesmo se deve dizer da trilha sonora.
Nessa edição
do deTrupe, participaram também os espetáculo “Sinfonia Sonho” e “É culpa davida que sonhei ou dos sonhos que vivi”, que também são ótimas produções. Nesse
ano, o projeto/evento, que contou com investimento da Secretaria de Cultura do
Estado do Rio de Janeiro, ofereceu além de boa programação, oficinas e debates
que aprofundaram o encontro entre os diversos grupos participantes. Aplausos à
iniciativa!
*
Ficha Técnica:
Direção: Flavio Souza
Direção: Flavio Souza
Dramaturgia: criada em
processo colaborativo
Elenco: André Mutran, Anna
Luiza Mendes, Bárbara Abi-Rihan, Douglas Amaral, Raoni Costa, Ricardo Rocha,
Samuel Paes de Luna, Tânia Roessing, Vanessa Dias, Vanessa Úrsula e
Viviane Pereira.
Duração: 100 min.
Classificação: 16 anos
Obrigado pelas considerações, Rodrigo!
ResponderExcluirFoi um prazer tê-lo em nossa platéia!
Se quiser nos acompanhar, nos siga no facebook!
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Um grande abraço,
Orlando!'s
Lindo o espetáculo. Guaçuí, em seu festival, foi brindado com uma excelente montagem. Parabéns!
ResponderExcluirBelo espetáculo. Guaçuí, em seu festival, foi brindado com uma montagem de qualidade técnica e emocionante. Todos os prêmios recebidos pela companhia foram merecidos.
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