sábado, 4 de maio de 2013

Loucos por Sinatra (RJ)

Maurício Baduh pragonisaa espetáculo sobre
Frank Sinatra
Foto: divulgação

No meio do caminho entre show e teatro

Sem considerar a parte vocal do musical “Loucos por Sinatra”, e observando apenas a questão teatral, o que se pode dizer de mais importante é que é seu maior problema é a falta de uma dramaturgia consistente que justifique a obra além da boa intenção de celebrar a memória do cantor norte-americano Frank Sinatra (1915-1998), falecido há quinze anos. Interpretado por Maurício Baduh, o protagonista Sem Nome (talvez o próprio Baduh) diz-se ser obcecado pela vida do ídolo a ponto de sentir-se o próprio apesar da conta bancária um tanto quanto diferente. Afirma também que as outras pessoas acham as vozes dos dois muito parecidas. E é só. O Personagem narra passagens superficiais da vida de Sinatra, são feitas pequenas citações de seus relacionamentos amorosos e nada além. Cada música é ilustrada pela movimentação coreográfica seja do Personagem, seja das Bailarinas (são quatro) ou do grupo e não há tensão dramática que leve o “show” para adiante. Nesse sentido, em cartaz no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, está um espetáculo que fica no meio do caminho entre o simples show musical e o teatro musical sem ser bem feito nem um, nem outro. 

O detalhado cenário de Douglas Nogueira cria de forma bela um espaço de apresentação que também vale como camarim, como lugar de assistência (uma mesa com cadeiras) e o local destinado para a orquestra (presente em cena, interpretando ao vivo as canções). Há ainda um local mais profundo que poderá vir para frente, uma sacada de onde se é possível ver a noite. As bailarinas (ou dançarinas, ou coristas) fazem as vezes de fãs (ou admiradoras) do Protagonista, disputando o seu coração ao longo das canções e da história que ele conta. O resquício de narrativa mal articulada atrapalha o show cantado em inglês sem legendas, pois faz perguntas para o público sem oferecer respostas: para onde vão essas personagens? O que eles sentem? Há um show, diegeticamente marcado, prestes a acontecer? Por outro lado, as canções, dispostas aleatoriamente, deixando as mais famosas para o final, perturbam o teatro na medida que interrompem sem justificativas as cenas narrativas. 

O elenco não empolga, mantendo a plateia fria em seus pensamentos sobre ao que está assistindo. As coreografias são pequenas, discretas, medrosas. Falhas na operação de som e do uso de microfones (passíveis de acontecer em qualquer espetáculo grande ou mais modesto) prejudicam ainda mais a fruição. As aparições das (Mia Farrow, Ava Gardner e Marilyn Monroe) mulheres são meras referencias sem profundidade. Baduh interpreta um personagem sem limites bem definidos de jeito que sua atuação se aproxima mais de uma performance (o que é bem distante do musical em seus termos tradicionais) do que de uma interpretação propriamente dita. Assim, fica um belo repertório, e um cenário e uma iluminação (NSet) interessantes, mas sem conteúdo nesse espetáculo dirigido por Marco Marcondes e assistido por Igor Laje e por Flavia Rinaldi. 

Com relação à qualidade vocal (potência e afinação), essa crítica deixará para quem é de direito analisa-las. Em termos dramáticos, infelizmente, a conclusão é de que Frank Sinatra segue sem ter tido a devida homenagem nesta efeméride. 

*

FICHA TÉCNICA
Direção Geral: MARCO MARCONDES
Texto: MAURICIO BADUH
Direção Musical: LILIANE SECCO
Assistentes de Direção: IGOR LAJE e FLAVIA RINALDI
Coreografia: FLAVIA RINALDI 
Produção: VAMOQVAMO entretenimentos 
Produção Executiva: ANNA MAGDALENA
Assistente de Produção Executiva: FELIPE ANDRADE
Cenografia: DOUGLAS NOGUEIRA
Figurinos: PATRICIA MUNIZ
Design Gráfico: DOUGLAS NOGUEIRA
Som e Luz: NSET

ELENCO:
Cantor e Ator: MAURICIO BADUH
Bailarinas: CAROLINA EBECKEN, CLARA FRANCISS, CAROLINA FERNANDES e OLIVIA VIVONE.

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