quinta-feira, 8 de outubro de 2015

As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar (RJ)


Foto: divulgação

Paula Cohen


Paula Cohen em monólogo divertido


O monólogo “As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar” estreou no último sábado, dia 3 de outubro, no Teatro Leblon. Dirigida por Pedro Granato e com Paula Cohen em sua primeira interpretação solo, a comédia tem ótimo texto escrito pela dupla. Na história, tão logo descobriu estar sendo traída pelo marido, a personagem Elvira sai de casa com o coração em pedaços. Com habilidade, a encenação articula personagens diferentes que atribuem ao todo níveis diversos de compreensão. A estética, fortemente baseada no melodrama kitsch de Pedro Almodóvar, é um entre tantos pontos relevantes nesse espetáculo. A peça fica em cartaz até 24 de outubro.

A estética de Pedro Almodóvar
A estética dos filmes iniciais do cineasta espanhol Pedro Almodóvar serviu de base para Pedro Granato e para Paula Cohen. As emoções afloradas causadas pelo ápice de uma situação dramática são alargadas a ponto de se constituírem, em si mesmas, a história inteira. A proposta também se utiliza da crítica à sociedade de consumo, respondendo a ela com o mesmo veneno. O apego às aparências, os valores capitais e a felicidade imediata surgem como marcas de identidade das quais os personagens não conseguem fugir.

A personagem Elvira largou sua vida de atriz no Brasil para investir em um casamento com o argentino Martin, mas foi traída por ele lá. Ao voltar para casa, ela precisa reconstruir sua vida. Nesse contexto, a personagem da Mãe, da Amiga e da própria Elvira em várias situações diversas aparecem mais preocupadas em retratar o momento inicial do que dispostas a apontar algum tipo de curva dramática. Esse é um dos méritos dessa dramaturgia, que também tem ótima articulação de referências cult, excelente timing e vibrante comunicação com o público, principalmente o feminino. Divertida, a peça não quer dar lição de moral. Ufa!

Paula Cohen em ótimo trabalho
Paula Cohen tem ótimo trabalho de interpretação. Seu corpo é ágil, seu ritmo é excelente, as composições de personagens são bem marcadas. De tudo, o melhor é a potencialidade do espetáculo em manter a autocrítica, pois ri-se de Elvira porque ela ri de si própria por princípio, o que é ótimo!

A concepção estética se vê através dos saltos 15, da preferência por tons fortes, dos vestidos curtos e com cintura marcada e dos objetos em plástico. A luz de Karine Spuri tem suas melhores contribuições nas luminárias sob os secadores de cabelo pendurados nas laterais e na luz do painel de fundo. Essa última faz da sombra da atriz um ótimo motivo para a encenação. Composta por músicas de Tulipa Ruiz, Ana Cañas, Barbara Eugênia, Letuce, Irene Cara e de Billy Idol, a trilha sonora assinada pelo diretor embala o quadro com todo com alegria.

“As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar” é uma comédia divertida, mas que também oferece reflexões. Para Elvira, é como se interessasse mais, nesse momento, a satisfação em detrimento de um projeto de futuro. Ela quer estar bem. E estar bem é bom! Aplausos e vida longa.


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Ficha técnica:

Espetáculo: As lágrimas quentes de amor que só meu secador sabe enxugar

Elenco: Paula Cohen

Texto: Paula Cohen e Pedro Granato

Direção: Pedro Granato

Luz: Karine Spuri

Figurino: Paula Cohen

Trilha Sonora: Pedro Granato – com músicas de Tulipa Ruiz, Ana Cañas, Barbara Eugênia, Letuce, Irene Cara e Billy Idol

Cenário: Pedro Granato

Fotos: Priscila Prade e Ding Musa

Produção: Victoria Martinez

Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação