Andrea Beltrão em má direção de Aderbal
“Jacinta” é um bom espetáculo, porque tem ótimas interpretações e bom usos dos elementos cênicos (cenário, figurino, trilha sonora e iluminação). Seu problema está na ordem da direção. Muitas coisas acontecem nas primeiras duas partes da narrativa, o que causa um certo cansaço no público ainda antes da metade da história. O clímax é, na verdade, um anticlímax, uma vez que as cenas mais líricas e com menos ação aparecem no final. É difícil sustentar um ritmo veloz por muito tempo e mais complicado ainda é fazê-lo crescer sem perdas. Aderbal Freire-Filho não consegue, o que é uma pena.
No século XVI, a primeira experiência da personagem Jacinta como atriz acontece diante da Rainha de Portugal. Horrorizada com a péssima interpretação, a monarca morre e a jovem artista é condenada a ir para o Brasil, nesse tempo, uma colônia praticamente abandonada. Tem continuidade aí a saga de Jacinta em busca dos aplausos. Andrea Beltrão interpreta a personagem título com força e criatividade. Com talento notório e larga experiência, a atriz não precisaria surpreender, mas o faz, exibindo excelente uso da voz, do sotaque português, do canto e do corpo. Completando o elenco, Augusto Madeira, Gillray Coutinho, Isio Ghelman, José Mauro Brant e Rodrigo França exibem igualmente os mesmos bons valores. Ágil e pontualmente coreografado por João Saldanha e por Marcelo Braga, o grupo mostra agilidade, construindo cenas ricas e interessantes.
Com texto de Newton Moreno (em que colaborou Freire-Filho), “Jacinta” apresenta uma história mais bem contada do que boa, mesmo sem privilegiar o público. Os personagens são apresentados muito rapidamente no desenvolvimento das cenas, deixando o tempo de reflexão para os números musicais. Com direção musical de Branco Mello, a peça intercala a narrativa com uma crítica acerca dela em um grande número de canções, o que prejudica ainda mais o ritmo. Apesar desse problema de concepção, o resultado estético do musical é bom, com boas execuções de Ricardo Rito (tecladista), Tassio Ramos (baixista), Helio Ratis (baterista) e de Maurício Coringa (guitarrista).
A qualidade estética de “Jacinta” também pode ser vista nos elementos cenográficos propostos por Fernando Mello da Costa, nos figurinos de Antônio Medeiros e na iluminação de Maneco Quinderé. Em cada um deles, o espectador pode ver apuro nos detalhes e bom uso das potencialidades de cada signo.
Em cartaz no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, eis aí um espetáculo em certa medida engraçado, mas em todas elas feito com cuidado e dedicação.
Ficha Técnica:
Texto de Newton Moreno, com colaboração de Aderbal Freire-Filho
Canções de Branco Mello (melodias), Aderbal Freire-Filho e Newton Moreno (letras)
Direção: Aderbal Freire-Filho
Diretor-assistente: Fernando Philbert
Direção Musical: Branco Mello
Direção vocal: Cris Delanno
Prosódia: Iris Gomes da Costa
Coreógrafo: João Saldanha
Coreógrafo-assistente Marcelo Braga
Cenários: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Antonio Medeiros
Iluminação: Maneco Quinderé
Elenco: Andrea Beltrão, Augusto Madeira, Gllray Coutinho, Isio Ghelman, José Mauro Brant e Rodrigo França
Músicos: Ricardo Rito (tecladista), Tassio Ramos (baixista), Helio Ratis (baterista) e Maurício Coringa (guitarrista)
Direção: Aderbal Freire-Filho
Diretor-assistente: Fernando Philbert
Direção Musical: Branco Mello
Direção vocal: Cris Delanno
Prosódia: Iris Gomes da Costa
Coreógrafo: João Saldanha
Coreógrafo-assistente Marcelo Braga
Cenários: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Antonio Medeiros
Iluminação: Maneco Quinderé
Elenco: Andrea Beltrão, Augusto Madeira, Gllray Coutinho, Isio Ghelman, José Mauro Brant e Rodrigo França
Músicos: Ricardo Rito (tecladista), Tassio Ramos (baixista), Helio Ratis (baterista) e Maurício Coringa (guitarrista)
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