sábado, 6 de outubro de 2012

O Filho da Mãe (SP)


Foto: divulgação

Nem emociona, nem faz rir

            A comédia dramática “O Filho da Mãe” apresenta dois tipos de problemas: um da ordem  da dramaturgia e outro da ordem da produção. Com algumas boas tiradas da autora Regiana Antonini e o ótimo cenário de Eduardo Martini, a peça deixa a desejar, pois não faz gargalhar nem tampouco emociona. Vejamos algumas pistas para explicar os motivos.
            Tudo o que acontece no final já é sabido pelo público desde o início. Mãe (Eduardo Martini) e Filho (Bruno Lopes) brigam bastante, mas se amam. Um tem orgulho do outro, um se preocupa com o outro, um sentirá a falta do outro quando ambos se afastarem por conta de uma viagem para Nova Iorque. Não há descobertas, curvas, motivações que justifiquem a audiência à história. A fruição se torna contemplativa, ou seja, está-se conferindo o amor de um filho pela sua mãe e o amor de mãe por seu filho e nada mais. Ao logo da narrativa, vários flashbacks aparecem em forma de quadros. Nem um deles, porém, garante uma novidade que faça a história continuar além do previsto. Reforça-se o preconceito com animais exóticos, o preconceito com homossexuais (o filho do vizinho é “bicha”), o preconceito com relacionamentos entre pessoas de idades diferentes, etc, mas nenhuma dessas mazelas causam uma evolução na personalidade dos personagens. As cenas são  meros pretextos para fazer rir, objetivo que não é alcançado por motivos da ordem da interpretação.
            Quanto à estrutura, a questão é mais complicada. Eduardo Martini, que dirige o espetáculo, interpreta a mãe com saldo positivo, apesar de algumas falhas. O problema é que, por melhor que ele esteja no papel, e é necessário repetir que ele está bem, o público jamais consegue esquecer que ele é um homem e que homens não têm a capacidade de gerar. Ou seja, o distanciamento (exatamente o brechtiano) impera, barrando a catarse. Quem vê não consegue se entregar ao espetáculo e permanece reflexivo e não emocional (justamente o que Brecht queria nas suas plateias, aqui é negativo), de forma que nem o riso, nem as lágrimas vêm com facilidade. Sobre a atuação de Martini (a mãe Valentina) e de Lopes (o filho Fernando), sobram gritos e falta equilíbrio. Cena após cena, as discussões, do início ao fim, são sempre muito acaloradas, o que é cansativo porque não promove a oxigenação.
            Bruno Lopes está bem no papel de Fernando. Tão carismático quanto Martini, a dupla garante alguns bons momentos em “O  Filho da Mãe”, cuja temporada em São Paulo foi exitosa. Os figurinos de Adriana Hitomi, apesar de um tanto quanto exagerados em Valentina, são discretos e positivos em Fernando. O  mérito maior é do cenário, que apenas ambientando aponta para a história sem entraves, e da trilha sonora de Sergio Luis, que toda composta por músicas de Tim Maia.

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FICHA TÉCNICA

Texto: Regiana Antonini
Direção: Eduardo Martini

Elenco: Eduardo Martini e Bruno Lopes

Assistência de direção: Vivi Alfano

Cenário: Eduardo Martini

Figurinos: Adriana Hitomi

Iluminação: Marcos Meneghessi

Trilha: Sergio Luis

Fotógrafos: Gil Grossi e Gustavo Mendes

Design Gráfico: Gustavo Portela

Direção de Produção: Yara Leite

Administração: Adriana Amorim

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany


4 comentários:

  1. Não concordo , me diverti muito na peça e até chorei lembrando de historias da minha vida.

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  2. Nossa, achei tão boa a peça.

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  3. As vezes quando leio certas criticas, eu fico pensando que não devo ter nada cultura e nenhum bom gosto. Adorei a peça e me diverti muito... será que eu sou o problema??

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  4. Fui ver a peça no teatro Gavea. EXCELENTE. Saí do teatro leve e é isto que eu espero sempre se tetro.

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