Foto: divulgação
Nem emociona, nem faz rir
A comédia dramática “O Filho da Mãe”
apresenta dois tipos de problemas: um da ordem da dramaturgia e outro
da ordem da produção. Com algumas boas tiradas da autora Regiana Antonini e o
ótimo cenário de Eduardo Martini, a peça deixa a desejar, pois não faz gargalhar
nem tampouco emociona. Vejamos algumas pistas para explicar os motivos.
Tudo o que acontece no final já é
sabido pelo público desde o início. Mãe (Eduardo Martini) e Filho (Bruno Lopes)
brigam bastante, mas se amam. Um tem orgulho do outro, um se preocupa com o
outro, um sentirá a falta do outro quando ambos se afastarem por conta de uma
viagem para Nova Iorque. Não há descobertas, curvas, motivações que justifiquem
a audiência à história. A fruição se torna contemplativa, ou seja, está-se
conferindo o amor de um filho pela sua mãe e o amor de mãe por seu filho e nada
mais. Ao logo da narrativa, vários flashbacks aparecem em forma de quadros. Nem
um deles, porém, garante uma novidade que faça a história continuar além do
previsto. Reforça-se o preconceito com animais exóticos, o preconceito com homossexuais (o filho do vizinho é “bicha”), o preconceito com relacionamentos
entre pessoas de idades diferentes, etc, mas nenhuma dessas mazelas causam uma evolução
na personalidade dos personagens. As cenas são
meros pretextos para fazer rir, objetivo que não é alcançado por motivos
da ordem da interpretação.
Quanto à estrutura, a questão é mais
complicada. Eduardo Martini, que dirige o espetáculo, interpreta a mãe com saldo
positivo, apesar de algumas falhas. O problema é que, por melhor que ele esteja
no papel, e é necessário repetir que ele está bem, o público jamais consegue
esquecer que ele é um homem e que homens não têm a capacidade de gerar. Ou seja,
o distanciamento (exatamente o brechtiano) impera, barrando a catarse. Quem vê
não consegue se entregar ao espetáculo e permanece reflexivo e não emocional
(justamente o que Brecht queria nas suas plateias, aqui é negativo), de forma
que nem o riso, nem as lágrimas vêm com facilidade. Sobre a atuação de Martini
(a mãe Valentina) e de Lopes (o filho Fernando), sobram gritos e falta
equilíbrio. Cena após cena, as discussões, do início ao fim, são sempre muito
acaloradas, o que é cansativo porque não promove a oxigenação.
Bruno Lopes está bem no papel de
Fernando. Tão carismático quanto Martini, a dupla garante alguns bons momentos
em “O Filho da Mãe”, cuja temporada em
São Paulo foi exitosa. Os figurinos de Adriana Hitomi, apesar de um tanto
quanto exagerados em Valentina, são discretos e positivos em Fernando. O mérito maior é do cenário, que apenas
ambientando aponta para a história sem entraves, e da trilha sonora de
Sergio Luis, que toda composta por músicas de Tim Maia.
*
FICHA
TÉCNICA
Texto: Regiana
Antonini
Direção: Eduardo
Martini
Elenco: Eduardo
Martini e Bruno Lopes
Assistência
de direção: Vivi Alfano
Cenário: Eduardo
Martini
Figurinos: Adriana
Hitomi
Iluminação: Marcos
Meneghessi
Trilha: Sergio
Luis
Fotógrafos: Gil
Grossi e Gustavo Mendes
Design
Gráfico: Gustavo Portela
Direção
de Produção: Yara Leite
Administração: Adriana
Amorim
Assessoria
de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
Não concordo , me diverti muito na peça e até chorei lembrando de historias da minha vida.
ResponderExcluirNossa, achei tão boa a peça.
ResponderExcluirAs vezes quando leio certas criticas, eu fico pensando que não devo ter nada cultura e nenhum bom gosto. Adorei a peça e me diverti muito... será que eu sou o problema??
ResponderExcluirFui ver a peça no teatro Gavea. EXCELENTE. Saí do teatro leve e é isto que eu espero sempre se tetro.
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