Quem for assistir a “Desejo”
vai se encontrar com boa parte da história de “Um bonde chamado desejo”, com
seus personagens e com seus diálogos, sem encontrar o nome de Tennessee
Williams no programa da peça. A montagem, dirigida por Alice Steinbruck, resulta
de um projeto que, de acordo com o release, “não é uma adaptação do original,
na medida em que o texto e a ação foram construídos através de experiências
performáticas, sob o foco na relação de tensão sexual criada pela combinação de
personalidades diferentes em um espaço restrito.” O resultado, no entanto,
ainda que tenha feito um caminho alternativo, chega ao mesmo ponto do autor não
nominado: a representação da loucura como um lugar paradisíaco para sentimentos
mais profundos. Trata-se, assim, de uma atualização do célebre do autor americano, uma nova versão com alterações. Com excelentes interpretações de Marcelo Mattos e de Dai
Fiorati (o casal paralelo a Kowalski) e também da diretora (a versão paralela
de Blanche), apesar da sua falta de maturidade para o papel, a produção tem
força e apresenta solidez estética elogiável.
O neorrealismo de Tennessee
Williams, que valoriza o sonho, vira realismo na versão de Steinbruck, que
objetiva valorizar o instinto, as emoções. Todo ambientado na sala do
apartamento do casal, sem espaço ou tempo realmente definido, o enredo é
narrado bastante próximo do público. Nesse novo olhar sobre a obra, provavelmente em função do
espaço (a peça está em cartaz no Espaço 2 do Solar de Botafogo) as emoções são
vistas mais de perto e, por isso, se mostram mais afloradas na construção dos
três personagens citados. Não há, porém, felizmente, a sensação de sufocamento,
embora a quarta parede seja mantida como convém. O ritmo, que é lento, é bom,
caindo apenas nos momentos da fraca participação de Fábio Bianchinni. Nas atuações positivas, o texto é
dito com clareza, as entonações são ricas, as pausas são expressas de forma a
segura. No todo, a movimentação é bem cuidada, o jogo de oposições é visível. Destaca-se
a forma positiva como a personagem da irmã (Blanche) equilibra o quanto de si
dá ao público ver, ficando de costas no início, gradativamente de lado e, só mais para o
final da peça, ficando mais vezes de frente.
No que diz respeito aos
detalhes visuais e elementos outros, tudo é muito bem posto na produção. Dentro
do universo realista, os figurinos de Ronald Lima descrevem bem os personagens, a trilha
sonora dá ritmo e a iluminação de Orlando Schaider ambienta, focando a atenção nos diálogos como é
esperado. Em resumo, eis aí um bom trabalho de direção, com interpretações
marcantes e uma encenação destacável. Sobre não citar Tennessee Williams no
programa da peça, é seu defeito mais grave.
*
Ficha técnica:
Direção e
Roteiro: Alice Steinbruck
Supervisão de pesquisa: André Paes Leme
Direção de Movimento: Juliana Terra
Iluminação: Orlando Schaider
Projeto Gráfico e Fotografia: Fabiano Cafure
Figurino, Cenário e visagismo: Ronald Lima
Elenco: Alice Steinbruck
Marcelo Mattos
Dai Fiorati
Fabio Bianchini
Ronald Lima
Supervisão de pesquisa: André Paes Leme
Direção de Movimento: Juliana Terra
Iluminação: Orlando Schaider
Projeto Gráfico e Fotografia: Fabiano Cafure
Figurino, Cenário e visagismo: Ronald Lima
Elenco: Alice Steinbruck
Marcelo Mattos
Dai Fiorati
Fabio Bianchini
Ronald Lima
SOU ATRIZ,ASSISTINDO POR DUAS VEZES,HOJE POSSO FALAR DE CADA UM,O CASAL PRINCIPAL, ELES TEEM UM ENTROSAMENTO BOM,QUERO DIZER UMA QUÍMICA BOA ENTRE SÍ,AS DUAS VEZES QUE VI...O BEBÁDO, ELE É QUEM FAZ O GOOL,SEM ELE NÃO VEJO GRAÇA, APESAR DE NÃO SER COMÉDIA...A ATRIZ QUE FAZ PROTAGONISTA, ESPERAVA MAIS ATÉ PRA LEVANTAR MORGAÇÃO E QUASE ...PARADO!!!O ESPETÁCULO...O ATOR QUE FAZ INOCENTE E APAIXODO PELA PROSTITUTA,DEU UMA CRESCIDA,MUITO BOA SUA ATUAÇÃO E UMA DIFERENÇA MUITO GRANDE CRESCEU MUITO,PARABÉNS A TODOS POR TENTAR SEGURAR ESSA MORGAÇÃO DE ESPETÁCULO.