segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Desejo (RJ)


 Foto: divulgação

 Nova versão de "Um bonde chamado desejo"

                  Quem for assistir a “Desejo” vai se encontrar com boa parte da história de “Um bonde chamado desejo”, com seus personagens e com seus diálogos, sem encontrar o nome de Tennessee Williams no programa da peça. A montagem, dirigida por Alice Steinbruck, resulta de um projeto que, de acordo com o release, “não é uma adaptação do original, na medida em que o texto e a ação foram construídos através de experiências performáticas, sob o foco na relação de tensão sexual criada pela combinação de personalidades diferentes em um espaço restrito.” O resultado, no entanto, ainda que tenha feito um caminho alternativo, chega ao mesmo ponto do autor não nominado: a representação da loucura como um lugar paradisíaco para sentimentos mais profundos. Trata-se, assim, de uma atualização do   célebre do autor americano, uma nova versão com alterações. Com excelentes interpretações de Marcelo Mattos e de Dai Fiorati (o casal paralelo a Kowalski) e também da diretora (a versão paralela de Blanche), apesar da sua falta de maturidade para o papel, a produção tem força e apresenta solidez estética elogiável.
                  O neorrealismo de Tennessee Williams, que valoriza o sonho, vira realismo na versão de Steinbruck, que objetiva valorizar o instinto, as emoções. Todo ambientado na sala do apartamento do casal, sem espaço ou tempo realmente definido, o enredo é narrado bastante próximo do público. Nesse novo olhar sobre a obra, provavelmente em função do espaço (a peça está em cartaz no Espaço 2 do Solar de Botafogo) as emoções são vistas mais de perto e, por isso, se mostram mais afloradas na construção dos três personagens citados. Não há, porém, felizmente, a sensação de sufocamento, embora a quarta parede seja mantida como convém. O ritmo, que é lento, é bom, caindo apenas nos momentos da fraca participação de Fábio Bianchinni. Nas atuações positivas, o texto é dito com clareza, as entonações são ricas, as pausas são expressas de forma a segura. No todo, a movimentação é bem cuidada, o jogo de oposições é visível. Destaca-se a forma positiva como a personagem da irmã (Blanche) equilibra o quanto de si dá ao público ver, ficando de costas no início, gradativamente de lado e, só mais para o final da peça, ficando mais vezes de frente.
                  No que diz respeito aos detalhes visuais e elementos outros, tudo é muito bem posto na produção. Dentro do universo realista, os figurinos de Ronald Lima descrevem bem os personagens, a trilha sonora dá ritmo e a iluminação de Orlando Schaider ambienta, focando a atenção nos diálogos como é esperado. Em resumo, eis aí um bom trabalho de direção, com interpretações marcantes e uma encenação destacável. Sobre não citar Tennessee Williams no programa da peça, é seu defeito mais grave.

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Ficha técnica:

Direção e Roteiro: Alice Steinbruck
Supervisão de pesquisa: André Paes Leme
Direção de Movimento: Juliana Terra
Iluminação: Orlando Schaider
Projeto Gráfico e Fotografia: Fabiano Cafure
Figurino, Cenário e visagismo: Ronald Lima

Elenco: Alice Steinbruck
Marcelo Mattos
Dai Fiorati
Fabio Bianchini
Ronald Lima

Um comentário:






























































  1. SOU ATRIZ,ASSISTINDO POR DUAS VEZES,HOJE POSSO FALAR DE CADA UM,O CASAL PRINCIPAL, ELES TEEM UM ENTROSAMENTO BOM,QUERO DIZER UMA QUÍMICA BOA ENTRE SÍ,AS DUAS VEZES QUE VI...O BEBÁDO, ELE É QUEM FAZ O GOOL,SEM ELE NÃO VEJO GRAÇA, APESAR DE NÃO SER COMÉDIA...A ATRIZ QUE FAZ PROTAGONISTA, ESPERAVA MAIS ATÉ PRA LEVANTAR MORGAÇÃO E QUASE ...PARADO!!!O ESPETÁCULO...O ATOR QUE FAZ INOCENTE E APAIXODO PELA PROSTITUTA,DEU UMA CRESCIDA,MUITO BOA SUA ATUAÇÃO E UMA DIFERENÇA MUITO GRANDE CRESCEU MUITO,PARABÉNS A TODOS POR TENTAR SEGURAR ESSA MORGAÇÃO DE ESPETÁCULO.






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