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Laura Nielsen |
“VIL” é o novo espetáculo dirigido por Renato Carrera. A peça tem dramaturgia assinada pela VIL CIA. a partir de livre inspiração sobre a obra homônima de Rodrigo de Roure. É a última parte da trilogia Tempos de Paz, formada pelo ótimo espetáculo “Hipnose”, de Márcia Zanelatto, e pelo nem tanto “Abajur lilás”, de Plínio Marcos, que estrearam em 2015. Como o anterior, o resultado não é positivo. Uma série tola de palavrões, inúmeras referências escatológicas, cansativa exploração do vermelho, expressões corporais e faciais exageradas e de muitos gritos preenchem monotonamente o quadro. Com cenas e elementos que se apresentam como mais do mesmo, a peça perde a oportunidade de dizer algo mais além do que infelizmente já se sabe: no mundo, há muita violência contra a mulher. No elenco, estão Andreza Bittencourt, Beta Schneider, Dani Ornellas, Larissa Siqueira, Sergio Medeiros, Higor Campagnaro e Laura Nielsen, esses dois últimos em ótimos trabalhos. A trilha sonora original de Alexandre Elias é o melhor dessa produção que está em cartaz no Teatro de Arena do Espaço SESC Copacabana até o próximo domingo, dia 26 de junho.
Superficialidade na direção de Renato Carrera
Dentro de uma hora e meia de peça, oitenta minutos redundam aquilo que se viu nas primeiras cenas. Há uma mulher chamada Marta (Laura Nielsen) que é violentada pelo Marido (Higor Campagnaro). Depois disso, vai sendo possível supor que outras mulheres, amigas de Marta, também sofrem situações parecidas. Vítimas de um lado e algozes de outro, a dramaturgia vai se estruturando com a apresentação do segundo grupo a partir do primeiro. Desse conflito, haverá um assassinato e esse é o único resquício de narrativa aqui. De um modo superficial, depois de valorosamente denunciar a violência, “VIL” parece supor que está, na natureza do homem, violentar a mulher. E que a única forma disso se modificar é as mulheres começarem a ser violentas com os homens. Se o primeiro gesto – a denúncia de algo tão terrível – é louvável, o segundo reduz as reflexões possíveis as quais nossa sociedade anseia.
Com relação às interpretações, a concepção da direção resulta em um desafio muito difícil de transpor. Com raros momentos de exceção, os trabalhos de Andreza Bittencourt, Beta Schneider, Dani Ornellas, Larissa Siqueira, Sergio Medeiros, Higor Campagnaro e de Laura Nielsen ficam regular e monotonamente no nível do exagero. Expressões faciais muito marcadas, movimentos fortes, tons e volumes de voz altos não sofrem quebras que possam garantir maior profundidade.
Rapidamente, o discurso fica desinteressante por mais que tudo aquilo que seja dito em cena seja sério, pontual e com intenções meritosas. Nielsen e Campagnaro, em torno dos quais o pouco de narrativa gira, têm mais oportunidades de exibir variação e essas são agarradas a contento. Destaca-se nele um momento em especial, ao final da peça, em que, através de uma poesia, vê-se um certo tipo de ironia. A cena traz um respiro valioso ao espetáculo, corroborando com maior complexidade. O tema agradece.
Belíssima direção musical de Alexandre Elias
Nos aspectos visuais, tudo redunda também. No cenário de André Sanches, o chão preto ensanguentado da arena é emoldurado por sacos de lixo vermelho e por outros objetos no mesmo tom - além de representações de partes de corpos humanos. Na única mesa, há um moedor com carne crua. O desenho de luz de Renato Machado é predominantemente vermelho. O figurino de Flávio Souza (cujo esforço em transformar camisas em outras peças do vestuário é muito parecido com o de Nívia Faso em “Crônicas de uma cidade Ou Amanhecer abortado”, mas sem tanto sucesso) traz roupas “sujas de sangue”. Ou seja, a cansativa exploração de um mesmo tema é outro aspecto que auxilia nos problemas de ritmo de “VIL”. Perde-se, na construção do sentido, a força do sangue, da carne, do visceral em favor de uma banalidade que, por pouco, não se torna tão cômica quanto nos filmes de Tarantino.
O melhor elemento estrutural de “VIL” é a trilha sonora original de Alexandre Elias. Das inserções de som de máquina de escrever às participações de “Hino ao amor” de Edith Piaf, a ambientação sonora fornece ao quadro um colorido que dá força ao argumento. As belas composições musicais que participam elevam o nível estético da peça.
De resto, “VIL” é um grito com o qual rapidamente se acostuma e, por isso, se torna silêncio. Uma pena!
*
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: VIL CIA, livremente inspirada em texto homônimo de Rodrigo de Roure
Direção: Renato Carrera
Elenco – Personagem:
Andrezza Bittencourt – Lili
Beta Shineider – Tonela
Dani Ornellas - Viola
Higor Campagnaro – Waltinho
Larissa Siqueira – Mãe de Lili e Maria
Laura Nielsen – Marta
Sergio Medeiros - Javali
stand in: Alice Morena
Trilha Sonora Original: Alexandre Elias
Músico Percussionista: Adriano Sampaio
Cenário: André Sanches
Figurino: Flávio Souza
Iluminação: Renato Machado
Preparação Vocal: Ananda Torres
Direção de Movimento: Felipe Koury
Assistentes de Cenário: Débora Cancio e Júlia Saldanha
Assistente de Figurino: Ricardo Martins
Fotos: Elisa Mendes
Filmagem: Elisa Mendes e Daniel de Jesus (Jardimmovel)
Programação e Concepção Visual: Daniel de Jesus
Realização: SESC Rio
Produção: VIL CIA
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
Andrezza Bittencourt – Lili
Beta Shineider – Tonela
Dani Ornellas - Viola
Higor Campagnaro – Waltinho
Larissa Siqueira – Mãe de Lili e Maria
Laura Nielsen – Marta
Sergio Medeiros - Javali
stand in: Alice Morena
Trilha Sonora Original: Alexandre Elias
Músico Percussionista: Adriano Sampaio
Cenário: André Sanches
Figurino: Flávio Souza
Iluminação: Renato Machado
Preparação Vocal: Ananda Torres
Direção de Movimento: Felipe Koury
Assistentes de Cenário: Débora Cancio e Júlia Saldanha
Assistente de Figurino: Ricardo Martins
Fotos: Elisa Mendes
Filmagem: Elisa Mendes e Daniel de Jesus (Jardimmovel)
Programação e Concepção Visual: Daniel de Jesus
Realização: SESC Rio
Produção: VIL CIA
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
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