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Foto: divulgação
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Rogério Fróes e Pedro Osório |
Balaio de gatos
O monótono “Buscado” é a primeira versão no Brasil de espetáculo a partir de texto da premiada jovem dramaturga argentina Agustina Gatto. A peça, escrita em 2007, narra a busca de um homem por seu filho enquanto é, ele próprio, buscado por seu pai. Em questão, com referências ao cinema do norte-americano David Lynch e do sul-coreano Park Chan-wook, entre várias outras, a peça é sobre conjunturas que se repetem através das gerações atravessando a individualidade das pessoas e as identidades das culturas e das épocas. Dirigida por Luiz Furlanetto, a montagem infelizmente não propiciou campo possível para essas reflexões. O largo investimento no videomapping de Jodele Larcher foi positivo, mas o conjunto de atuações, a movimentação cênica, o cenário e o figurino colaboraram pouco para um quadro minimamente potente. A peça cumpriu temporada até o último domingo, dia 12 de junho, no teatro do Oi Futuro no Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro.
Problemas na direção de Luiz Furlanetto
A história começa quando um homem (Pedro Osório) encontra inesperadamente seu filho (Daniel Rangel) em uma cabine telefônica. Ele o procurava havia dez anos. O diálogo é tenso, cheio de mágoas e de ressentimentos, e culmina com um apontando uma arma para o outro. Em seguida, o pai encontra seu pai (Rogério Fróes) em um bar e vê-se que os problemas na relação entre pais e filhos vem de gerações. A história sai de Tóquio e vai para a Cidade do México e de lá para Nova Iorque, mas o clima é o mesmo. Isso talvez sugira que as zonas espaciais se confundem apesar das diferenças entre as culturas. O texto de Agustina Gatto, mais disposto a tratar cenicamente de uma questão filosófica da contemporaneidade do que propriamente de uma narrativa cheia de contornos, conflitos e de reviravoltas, não ganha aqui encenação que o valorize.
A direção de Luiz Furlanetto não dá conta de uma estrutura que potencialize o contexto dramatúrgico. Pedro Osório (Pai) e Daniel Rangel (Filho) têm interpretações que valorizam a narrativa, passando por cima do aspecto simbólico-reflexivo que parece marcar a dramaturgia. Rogério Fróes (Avô) tem uma participação perdida, dizendo falas cujos sentidos se perdem no contexto. Gabriela Werneck (a moça da clarineta) não vence os desafios de representar uma personagem sem função em um panorama pouco claro. Assim, o quadro de Furlanetto sucumbe sem concepção que bem lhe amarre dentro de uma proposta nem doutra, aparentemente investigando o maior enigma do texto enquanto o espetáculo se apresenta para o público.
O mérito da curta duração
O pior do espetáculo é a operação dos elementos cênicos. Os atores fazem de conta que estão tocando piano ou clarineta, fazem de conta que estão em uma cabine telefônica ou em um banheiro, fazem de conta que bebem, etc. O pouco investimento em marcas que corroborem para o realismo é uma opção muito valiosa em vários contextos cênico-narrativos. Mas ocorre que aqui esse fazer, proposital ou não, se envolve de modo muito obscuro com todo o resto. A forte aparência é de mal feito mesmo.
O cenário de Larcher e o figurino de Ana Roque são um misto de concepções estéticas diferentes em um todo já difícil. A ferramenta de videomapping tem uso interessante, mas que não se equilibra com tudo aquilo que o envolve. A movimentação dos atores, sem auxílio da luz de Eduardo Salino, colabora pouco para a construção da narrativa. Ela se abstém de dar a ver uma reflexão sobre a imobilidade ou sobre questões relativas à territorialidade ou à desculturalização e paira apertada com interpretações que parecem não saber o que fazer com o próprio corpo no espaço.
Em “Buscado”, é possível que os vários profissionais envolvidos tenham se esforçado na elaboração de uma obra que tivesse resultado positivo. O problema maior que é que não se identifica com facilidade coerência nessas participações. Enquanto o público dorme diante de algo pior do que sua vontade de parecer inteligente, a produção tem o grande mérito de durar apenas quarente minutos.
Ficha técnica:
Texto: Agustina Gatto
Direção: Luiz Furlanetto
Elenco: Daniel Rangel, Gabriela Werneck, Pedro Osório e Rogério Fróes
Trilha Sonora: Plínio Profeta e Nado Leal
Iluminação: Eduardo Salino
Figurinos: Ana Roque
Videomapping e Set Design: Jodele Larcher
Vídeo/Edição: Federico Bardini
Fotografia: Desirée do Valle
Design Gráfico: Luciano Cian
Marketing Digital: Qtal Design
Produção e Realização: Nevaxca Produções
Coprodução: Les Truites Planejamento e Produção Cultural
Idealização: Gabriela Werneck
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