Foto: Janderson Pires
Motivos para o Brasil se orgulhar
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Ficha Técnica
Direção: Tuca Andrada
Dramaturgia: Walter Daguerre
Argumento e Idealização: Alexandre Lino
Elenco: Alexandre Lino, Erlene Melo, Paulo Roque e Rose Germano / Stan-in:
Natália Régia
Direção Musical: Alexandre Elias
Iluminação: Renato Machado
Cenário e Figurinos: Karlla De Luca
Preparação corporal e Movimento: Paula Feitosa
Assistente de Direção e Dramaturgia: Fabrício Branco
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Design Gráfico: Guilherme Lopes Moura
Fotógrafo: Janderson Pires, Foto Janderson Pires
Revisora Textual: Yonara Costa
Assessoria Jurídica: André Siqueira
Produção Executiva: Daniel Porto
Direção de Produção: Alexandre Lino
Realização: Cineteatro Produções
Erlene Melo, Alexandre Lino, Rose Germano e Paulo Roque |
Motivos para o Brasil se orgulhar
“Nordestinos”, nova produção de Alexandre Lino, tem o mérito de, através de uma temática regionalista, tratar da necessidade do homem de criar e de manter laços. A peça parte de uma coletânea de depoimentos reais de imigrantes da região Nordeste do país que vieram para o Rio de Janeiro e para São Paulo estabelecer nova residência. Com roteiro de Walter Daguerre e direção de Tuca Andrada, o espetáculo traz, no elenco, boas participações da paraibana Rose Germano, do cearense Paulo Roque e dos pernambucanos Erlene Melo e Alexandre Lino. Está em cartaz no Teatro do Sesi até 28 de novembro. Vale a pena ver.
Laços que identificam o homem
A região Nordeste do Brasil é composta por nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ela se divide em quatro sub-regiões: Meio-norte, Sertão, Agreste e Zona da Mata. De cultura vasta, índices econômicos e de desenvolvimento muito variados, características ambientais, sociais e antropológicas diversas, essa parte do país é como o seu todo: riquíssima! Assim como se constituíram seus limites político-geográficos, é muito difícil determinar traços que sejam comuns na cultura do seu povo.
Sobre o espetáculo em questão, vale dizer antes de tudo que o título “Nordestinos” nomeia não a terra, mas quem nasce nela. Mais especificamente talvez, diz respeito ao conjunto de laços invisíveis por meio do qual moradores do Rio e de São Paulo, que nasceram no Nordeste, se reconheçam entre si. Mas os méritos da montagem vão para além da celebração dos traços regionalistas. Ainda que coberta deles, é possível notar que, lá pelas tantas, a peça os abandona lindamente. E adota, em substituição, outro intento: o de unir aqueles que um dia partiram de seu lugar de origem em busca de novos horizontes.
Com exceção de militares e de aventureiros, até entre os séculos XVI e XVII, as sociedades eram compostas por pessoas que nasciam e morriam no mesmo lugar. O advento das cidades e todas as modificações em torno dessa nova realidade impuseram um desafio: velhos conhecidos passaram a conviver com desconhecidos (cuja história era contada por eles próprios). Mudaram-se as qualidades dos laços afetivos entre pessoas e delas com a terra, alteraram-se os comportamentos e a questão da identidade atingiu patamar de maior importância. Compreender essas questões talvez não seja necessário para fruir “Nordestinos” em sua contribuição mais superficial, mas é sem dúvida importante para sentir o espetáculo mais profundamente.
O texto da peça surgiu de relatos verdadeiros de nordestinos. A coletânea de histórias está publicada pela editora Giostri e, além de inspirar o roteiro de Walter Daguerre para a peça, há de ser ponto de partida para o documentário cinematográfico a ser realizado a partir do espetáculo. Escritos em primeira pessoa, não assinados, os depoimentos falam do Nordeste, mas principalmente de quem fala sobre aquela região. A paisagem, afinal de contas, tem muito do olho de quem a vê. A lembrança mais ainda.
Narrativa cênica evolui graciosamente
Dirigido por Tuca Andrada, o espetáculo conserva essas marcas da dramaturgia na medida em que os personagens não se definem apenas no campo da ficção, mas lançam outras pistas. Alexandre Lino, Erlene Melo, Paulo Roque e Rose Germano, manipulando bonecos, interpretando outras figuras e permitindo pensar que narram suas histórias pessoais, atuam nesse sentido. A narrativa, assim, estabelece códigos, mas não hesita em se desfazer deles e propor novos, criando outras relações, jogos em que intérpretes e público avançam pelo imaginário do texto.
Os trabalhos de interpretação, de uma concepção mais tradicional até uma versão mais rapsódica, apresentam ótimo resultado, defendendo com carisma a proposta do espetáculo. Com poucos elementos, mas uso rico principalmente da iluminação de Renato Machado e qualificado aproveitamento da trilha sonora dirigida por Alexandre Elias, o ritmo corre fluidamente. O figurino e o cenário são de Karlla de Lucca. Neles estão expressos alguns elementos referenciais do que se toma por cultura nordestina.
Castigada pelo sol, pela falta de chuva, pelo abandono da administração pública de um modo geral, a região Nordeste sofre de mazelas históricas que há muito deixaram de ser compreensíveis. Seu povo, porém, dono de algumas narrativas como a que “Nordestinos” oferece, há de encontrar nesse espetáculo motivo para se orgulhar. Qualquer que seja o homem que, um dia, partiu de sua casa se encontra ali. Aplausos!
Ficha Técnica
Direção: Tuca Andrada
Dramaturgia: Walter Daguerre
Argumento e Idealização: Alexandre Lino
Elenco: Alexandre Lino, Erlene Melo, Paulo Roque e Rose Germano / Stan-in:
Natália Régia
Direção Musical: Alexandre Elias
Iluminação: Renato Machado
Cenário e Figurinos: Karlla De Luca
Preparação corporal e Movimento: Paula Feitosa
Assistente de Direção e Dramaturgia: Fabrício Branco
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Design Gráfico: Guilherme Lopes Moura
Fotógrafo: Janderson Pires, Foto Janderson Pires
Revisora Textual: Yonara Costa
Assessoria Jurídica: André Siqueira
Produção Executiva: Daniel Porto
Direção de Produção: Alexandre Lino
Realização: Cineteatro Produções