quarta-feira, 4 de novembro de 2015

6 modelos para jogar (RJ)

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Foto: Renato Mangolin


Renato Linhares, Fábio Osório Monteiro, Francisco Thiago Cavalcanti e Júlia Rocha


A versão de Dani Lima: uma entre seis possibilidades


“6 modelos para jogar” esteve em cartaz na Sala Multiuso do Espaço SESC Copacabana durante o mês de outubro. O diretor Alex Cassal e a coreógrafa Dani Lima são os idealizadores. Eles convidaram Denise Stutz (MG), Cristian Duarte (SP) e Márcio Abreu (PR) para dividirem a direção do projeto e cada um trouxe intérpretes para participar da criação. Ao longo dos quatro finais de semanas da temporada, houve seis versões diferentes da produção: cinco assinadas pelos encenadores e uma sexta pelos intérpretes. Esses foram Júlia Rocha, Fábio Osório Monteiro, Francisco Thiago Cavalcanti e Renato Linhares. A que se apresentou no dia 25 de outubro, assinada por Dani Lima, teve alguns momentos interessantes, mas foi um tanto quanto tola. Para um projeto cujo objetivo maior se concentra no processo, valeu a pena.

Uma entre seis variações: a versão de Dani Lima
A versão assinada por Dani Lima é uma entre as seis variações desse conjunto cujo título é “6 modelos para jogar”. Nela se destacam, principalmente, uma abordagem rica e planejada com afinco da expressão corporal de Júlia Rocha e de Francisco Thiago Cavalcanti. Fábio Osório Monteiro e Renato Linhares, confortáveis em presenças naturais, completam o grupo sem colaborações propriamente relevantes aqui.
 
A peça começa com Fábio Osório Monteiro conversando com o público sobre um experimento do professor americano Dr. Arthur Aron. Segundo o pesquisador, em menos de uma hora, uma pessoa pode se apaixonar por outra depois de 36 questões respondidas pela dupla. Um olhar silencioso de quatro minutos ininterruptos deve suceder a entrevista. O estudo, vinculado a Stony Brook University de Nova Iorque, foi publicado na revista Personality and Social Psychology Bulletin em 1997. Divididas em três etapas, as perguntas giram em torno de sonhos, posições acerca da morte, questões íntimas e de fatos engraçados. Fábio Osório Monteiro, em “6 modelos para jogar”, conduz o bate-papo com fluidez demais, enchendo a plateia de responsabilidade. A cena, nem “quebra o gelo” na audiência desconhecida, nem aponta para algo relevante que será desenvolvido pelo espetáculo depois. Parece uma pretensiosa perda de tempo.


Em seguida, surge a cena mais comprida e a única realmente interessante do espetáculo. Os quatro atores-dançarinos-performers entram em cena munidos de pedaços de madeira, pregos e de martelos e cada um participa da construção de uma pequena plataforma. O quadro, potencialmente preparado para sugerir vastas ondas de significado, evolui em termos de ritmo. O palco se amplia, a atenção se prende, movimento e ações podem revelar estruturas.


Por fim, Júlia Rocha, Fábio Osório Monteiro, Francisco Thiago Cavalcanti e Renato Linhares, através dos seus corpos e de suas naturais sonoridades, apresentam o último quadro da peça. Nele, a peça se comunica mais diretamente com a plateia, mas ainda de posse de algo para dizer (ainda que esse algo não fique propriamente claro, o que é também interessante!). O espetáculo termina com um momento em que parte do público participa discretamente da cena em uma espécie de celebração. Se se conseguir perceber esse momento com uma festa em relação ao ser humano, a experiência será mais positiva.


A curiosidade pelas outras versões

Nos dias 2, 8 e 23/10, apresentou-se a versão de Denise Stutz. A de Cristian Duarte teve lugar nos dias 3, 17 e 18/10. Marcio Abre assinou as que foram apresentadas nos dias 4, 11 e 18/10. Alex Cassal em 1º e 15/10. A dos intérpretes em 9, 16 e 22/10. Aquela que foi analisada aqui, assinada por Dani Lima, também se apresentou no dia 10/10. Babi Fontana foi assistente de direção de todas as versões.


“6 modelos para jogar” une investigações acerca de como, através da dança contemporânea, é possível oferecer uma experiência teatral imprevisível, de autoria coletiva e lúdica. Fica, para próximas temporadas, a curiosidade pelas outras versões.



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FICHA TÉCNICA

Idealização: Alex Cassal e Dani Lima

Criação:
Alex Cassal, Babi Fontana, Cristian Duarte, Dani Lima, Denise Stutz, Fábio Osório Monteiro, Francisco Thiago Cavalcanti, Júlia Rocha, Márcio Abreu e Renato Linhares

Direção: Alex Cassal, Cristian Duarte, Dani Lima, Denise Stutz e Márcio Abreu

Atuação:
Júlia Rocha, Fábio Osório Monteiro, Francisco Thiago Cavalcanti e Renato Linhares

Assistência de direção: Babi Fontana

Desenho de luz: Tomás Ribas

Operação de luz: Sandro Leite

Arranjo da música final: Felipe Rocha

Composição música narirurá: Gisele Nogueira

Fotos: Renato Mangolin

Mídia Web: Rafael Medeiros

Programação visual: Daniel Kucera

Produção executiva: Fábio Osório Monteiro

Assistência de produção: Fernanda Campos

Direção de produção: Michelli Giovanelli

Realização: Astronauta Produções Artísticas