segunda-feira, 18 de maio de 2015

Sobrevoar (PR)


Foto: divulgação

Kamila Ferrazzi, Edgard Assumpção, Juliana Cordeiro e João Victor Theotônio


A visita ao Rio da Cia do Abração



O espetáculo para crianças “Sobrevoar – Santos Dumont para Crianças de Todas as Idades” fez uma curta temporada no Teatro da Caixa Cultural, no centro do Rio de Janeiro, no início de maio. Com direção de Letícia Guimarães e elenco composto por João Victor Theotônio, Kamila Ferrazzi, Juliana Cordeiro e por Edgard Assumpção, o senão mais grave ficou por conta da dramaturgia. O musical, que encheu os olhos das crianças, conta a história de um fictício Albertinho Santos Dumont que não desistiu dos seus sonhos de voar como os pássaros, mas os fatos que dão conta dessa narrativa não se articulam bem infelizmente. A produção é da Cia do Abração de Curitiba.

Os fatos que são apresentados não conduzem à situação final de maneira que o ritmo da narrativa fica prejudicado na medida em que, embora se saiba que Dumont conseguirá voar, não se vislumbra com facilidade como se dará isso. Nesse sentido, o mérito da ficção sobre a história real é, ao mesmo tempo, o aspecto mais positivo de “Sobrevoar” e o seu único maior entrave. Individualmente, os quadros, que aparecem coexistir independentemente, são bem desenvolvidos pela direção de Letícia Guimarães, que, por um lado, reforça linearmente a frontalidade, e, por outro, explora os diversos níveis em uma história sobre as metáforas possíveis do voo dos pássaros e dos homens. Não há destaques nas interpretações, mas o elenco positivamente se apresenta sem desmérito. Deve-se elogiar o modo como a direção estabelece o jogo de viabilização do personagem protagonista. Ao se utilizar e, em mesmo sentido, ao ratificar a constituição do chapéu de Santos Dumont como signo capaz de representá-lo por si só, a peça amplia as possibilidades de atuação do elenco. Todos os quatro atores, em algum trecho, representam o menino que será o Pai da Aviação e, à análise, pareceu que as crianças entendem bem a proposta.

As cores e as texturas que se se espalham pelo cenário de Blas Torres e de Marcelo Scalzo e pelo figurino de Maureen Miranda auxiliam na construção de um todo carismático que pode ser o grande responsável pelo envolvimento das crianças com a narrativa. As composições musicais de Karla Izidro sofrem pela alternância entre números interpretados ao vivo e aqueles dublados que, sobretudo quanto ao último, prejudicam a obra em geral. Não há destaques a serem feitos no desenho de luz de Anry Aider.

Talvez o mais bonito de “Sobrevoar – Santos Dumont para Crianças de Todas as Idades” seja o modo como o espetáculo expressa o seu interesse em dar importância ao sonho das crianças. Não restam dúvidas sobre a importância dessas intenções, mas sobram aplausos à peça.



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FICHA TÉCNICA

Produção: Cia. Do Abração

Produção Local: Ricardo Schöpke/Cia. Boto Vermelho

Direção: Letícia Guimarães

Composição e Direção Musical: Karla Izidro

Texto: criação coletiva sob supervisão de Letícia Guimarães

Cenografia: Blas Torres e Marcelo Scalzo

Figurino: Maureen Miranda

Iluminação: Anry Aider

Fotografia: Lauro Borges

Elenco: João Victor Theotônio, Kamila Ferrazzi, Juliana Cordeiro e Edgard Assumpção

Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal

Assessoria de imprensa:Ricardo Schöpke – assessoria@ciabotovermelho.com.br

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