Foto: divulgação
As cores do rock britânico em espetáculo de Michael Clark
“animal / vegetable/ mineral” é o espetáculo criado pelo escocês Michael Clark e por sua companhia que abriu o 3º Festival O Boticário na Dança na última quinta-feita no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A produção dá continuidade às históricas colaborações que o coreógrafo celebra entre artistas das mais diversas áreas. No caso dessa peça, os três quadros, “Scritti Politti”, “Albatross” e “Relaxed Muscle”, partem também de composições da banda americana New York Dolls e das britânicas Public Image Ltd. e Sex Pistols para dar a ver, através da dança contemporânea, todo um universo de sentido tematizado pelas músicas de punkrock desses conjuntos. A grande beleza visual permitiu que o público brasileiro ultrapasse o desafio original do idioma (na Grã-Bretanha, as letras das canções são compreendidas facilmente pelo público que assiste ao espetáculo) felizmente.
“Animal, vegetable and mineral” é o nome de um programa de televisão que ficou muito popular nos anos 50 na Inglaterra produzido pela BBC. Era uma espécie de reality show: arqueólogos e historiadores de arte duelavam entre si diante de objetos providenciados pela produção do jogo. No roteiro, eles tinham que adivinhar a procedência do artefato e ganhavam pontos por isso. Estreado em 2012, logo depois do célebre programa ter recebido um remake histórico, o espetáculo de Michael Clark faz apologia a ele além de a outras referências. Com coreografias que subvertem os clássicos fouéttes e arabescos, os quadros cheios de linhas e de formas avançam sobre caminhos estranhos, desacertos e confusão, talvez expressando o lugar de abandono e de rebeldia que a música glam, punk e rock revela. Em destaque, estão os figurinos de Stevie Stewart em efeito avassalador junto da luz de Charles Atlas. O colorido escapa à cena e permanece no palco após as luzes se apagarem lindamente.
Disposto ao longo de noventa minutos, o espetáculo usa do envolvimento de várias referências para viabilizar bom ritmo. Os seis bailarinos, com destaque para Julie Cunningham, vencedora do prêmio de mais espetacular performance feminina da temporada europeia na ocasião, duelam contra o palco vazio, cores duras e contra projeções de vídeo, sendo partes de um todo coeso, coerente e bastante bem articulado. Em 2013, o espetáculo recebeu o prêmio Robert Robson de Dança do Manchester Theater Awards. Foi uma linda bela abertura!
*
Ficha técnica:
Coreografia e direção: Michael Clark
Luz: Charles Atlas
Figurinos: Stevie Stewart
Elenco: Harry Alexander, Julie Cunningham, Joshua Harriette, Melissa Hetherington, Oxana Panchenko e Simon Williams
Produção: Jo Stendall
Produção técnica: Jamie Maisey
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bem-vindo!