Foto: Leonardo Torres
Nilson Raman, Bibi Ferreira e Flávio Mendes |
Assistir à Bibi Ferreira é um dever que se cumpre com prazer
Bibi Ferreira retorna ao Theatro Net Rio, por ela inaugurado há três anos, com um show inteiro em homenagem ao cantor Frank Sinatra (1915-1998). O espetáculo, com orquestra formada por dezoito músicos, é o último baluarte do romantismo no gênero, agradando ao público de todas as idades, mas principalmente àqueles que acompanharam a carreira da mais respeitada voz da música americana. Com 74 anos de carreira, e ainda em plena atividade, já haveria uma estátua de Bibi em alguma praça muito movimentada em qualquer país em que a cultura fosse valorizada. No que depende da plateia, ainda pode ser assim no Brasil também. Em cartaz às terças e quartas-feiras na zona sul do Rio de Janeiro, a grande Abigail Izquierdo Ferreira completará noventa e três anos de idade no próximo dia 1º de junho. A honra é toda nossa!
Francis Albert Sinatra nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, em 1915, começando a carreira como cantor no fim dos anos de 1930 e como ator logo depois, no auge da grande depressão americana. As canções “Fly me to the moon”, “Strangers in the night”, “Night and day”, “My way” e “New York, New York”, além de “Garota de Ipanema”, entre outras, se eternizaram através de sua voz e hoje fazem parte do repertório da cultura ocidental. Sua primeira apresentação no Brasil, no dia 26 de janeiro de 1980, reuniu em torno de 175 mil pessoas no Estádio do Maracanã, o maior público (pagante) em um show musical em todos os tempos até aquele momento. (No Brasil, esse número só foi batido dez anos depois por Paul McCarteney) Conhecido como “A voz”, Frank Sinatra aproximou popularidade e elegância nas canções de seu repertório apresentado ao longo de quase sessenta anos de carreira.
Bibi Ferreira já apresentou espetáculos solo homenageando Edith Piaf (1983) e Amália Rodrigues (2001), além de ter se mantido em cartaz com shows de repertório misto. Nos últimos quarenta anos, desde a sua última aparição como atriz em “Gota d’água”, tem se dedicado à direção de grandes e de pequenas produções. Dona de imenso carisma e de altíssima qualidade vocal, seus shows costumam atrair multidões. Neles a música e a intepretação se dão as mãos nos contornos sutis através dos quais Bibi interpreta as canções e não apenas as canta. O público ovaciona talvez porque se sinta imensamente privilegiado por estar ali.
Em “Bibi Ferreira Canta Frank Sinatra”, o mestre de cerimônias Nilson Raman intercala as canções com curiosidades da vida do cantor americano, relacionando esses trechos ou com o Brasil ou com a própria Bibi. O maestro Flávio Mendes participa momentaneamente da conversa, auxiliando na construção do clima amistoso em que o espetáculo se apresenta. Bibi, em um longo e decotado vestido vermelho, brilha no centro do palco, nos seus graves, nos seus agudos e na impressionante extensão de sua voz e na perfeita afinação, mas também no modo ágil com que dá a ver o ritmo das piadas, no jeito elegante como convida o público a participar e sobretudo nos gestos pequenos, econômicos mas não menos claros e pontuais. Maravilhoso!
Bibi Ferreira é para as artes o que foi Pelé para o futebol com o acréscimo de que ela continua plena em seu campo de jogo. Dever para quem se diz lidar com as artes, assistir-lhe é excelente programa para todos. Aplaudi-la é uma honra.
PS.: O fechamento do Teatro Bibi Ferreira do Rio de Janeiro (Rua Visconde de Ouro Preto, 78, em Botafogo), acontecido em maio de 2013, é uma pena! A dedicação quase exclusiva da programação do Teatro Bibi Ferreira de São Paulo (Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 938, no Bela Vista) aos stand-up comedies também.
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ROTEIRO
(1) STRANGERS IN THE NIGHT (Bert Kaempfert / Charles Singleton / Eddie Snyder)
(2) NIGHT AND DAY (Cole Porter)
(3) PLEASE (Ralth Rainger/LeoRobin)
(4) OL' MAN RIVER (Oscar Hammerstein II / Jerome Kern)
(5) NATURE BOY (Eden / Ahbez)
AUTUMN LEAVES (Joseph Kosma / Johhny Mercer / Jacques Prévert)
CHEEK TO CHEEK (Irving Berlin)
ALL OF ME (Gerald Marks / Seymour Simons)
SOMEONE TO LIGHT UP MY LIFE (A. C. Jobim / Vinicius de Moraes / Gene Lees)
(6) DINDI (A. C. Jobim / Aloisio de Oliveira / Ray Gilbert)
(7) ALL THE WAY (Sammy Cahn / Jimmy Van Heusen)
THE LADY IS A TRAMP (Lorenz Hart / Richard Rodgers)
(8) I GET A KICK OUT OF YOU (Cole Porter)
(9) I'VE GOT YOU UNDER MY SKIN (Cole Porter)
(10) YOU MAKE ME FEEL SO YOUNG (Mack Gordon / Josef Myron)
(11) ROCK AROUND THE CLOCK (Bill Halley)
(12) FLY ME TO THE MOON (Bart Howard)
(13) THAT'S LIFE (Kelly Gordon / Dean Kay)
(14) MEDITATION (A. C. Jobim / Newton Mendonça / Norman Gimbel)
QUIET NIGHTS OF QUIET STARS (A. C. Jobim / Gene Lees)
WATER TO DRINK (A. C. Jobim / Vinicius de Moraes / Norman Gimbel)
(15) MY WAY (Paul Anka / Claude François / Jacques Revaux)
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FICHA TÉCNICA
Roteiro: Bibi Ferreira, Flávio Mendes e Nilson Raman
Direção Musical e Regência: Flávio Mendes
Cenografia: Alexandre Murucci
Iluminação: Mário Martini
Realização: Montenegro e Raman
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