segunda-feira, 11 de maio de 2015

11th Floor - Cullberg Ballet (Suécia)

Foto: divulgação



Exímio uso da técnica em espetáculo sobre o cinema noir

“11th Floor”, espetáculo produzido pela companhia sueca Cullberg Ballet, se apresentou na 3ª edição do Festival O Boticário na Dança, ocorrido no último final semana no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com coreografias originais assinadas pelo canadense Édouard Lock, a peça celebra a estética do cinema noir dos anos 40 e 50 com composições musicais especialmente criadas pelo britânico Gavin Bryars. O espetáculo exibiu alto desempenho técnico, mas, ao longo de cinquenta minutos, não conseguiu fazer vir à audiência algum tipo de narrativa. Os enfadonhos dois terços finais pareceram assim uma repetição do trecho inicial infelizmente.

A peça estreou em outubro de 2014, divulgando que sua narrativa tratava de um assassinato ocorrido no décimo primeiro andar de um edifício. Para tanto, sob o belíssimo desenho de luz de Fredrik Rydehäll, os nove bailarinos executam movimentos rápidos, pontuais e extremamente limpos, defendendo um universo estético que envolve paixão, mistério e sexo. É reconhecível que há várias relações que envolvem as figuras e que os ambientes por onde elas se movimentam são obscuros. Visto e não visto, o conhecido e o misterioso, a instabilidade das situações e a sucessão dos fatos – romances e crimes essencialmente - são lados diversos dos mesmos panoramas. Eles expressam a profundidade do noir, gênero cinematográfico muito popular no fim da primeira metade do século XX. No entanto, em “11th Floor”, a justaposição dos quadros não deixa suficientemente clara a evolução de algum tipo de narrativa, nem mesmo a anunciada, de forma que os minutos se alongam mais do que deve. O espetáculo também não disserta, mas apresenta as mesmas variações tanto nas cenas iniciais como nos outros momentos. O jogo entre luzes e sombras, os corpos recortados espalhando suor pelo chão, ternos e tubinhos pretos no figurino de Ulrika van Gelder, e a trilha sonora interpretada ao vivo a partir de piano, acordeom, clarinete, baixo e de saxofone conferem à produção grande beleza, mas parecem se repetir em um exercício que confirma o ótimo uso da técnica que é vazio por si só.

Grandes doses de força aliadas à extrema limpeza de gestos marcam os valores estéticos de “11th Floor”. O ritmo rápido de evolução das partituras, envolvendo passos de dança populares e movimentos clássicos do ballet tradicional, direcionam a atenção por sobre a complexidade da coreografia de Édouard Lock e sobre a habilidade dos bailarinos. No entanto, a peça permanece, no entanto, alheia ao público, fechada demais em si e, por isso, bastante distante e relativamente monótona.

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Ficha técnica:
Coreografia e Criação: Édouard Lock
Bailarinos: Adam Schütt, Alexandra Campbell, Eszter Czédulás, Gesine Moog, Jac Carlsson, Vicent Van der Plas, Unn Faleide, Anna Pehrsson e Katie Jacobsen
Música: Gavin Bryars (Schott Music Ltd.)
Cenografia: Claude Goyette
Figurinos: Ulrika van Gelder
Direção de Ensaio: Lisa Drake
Programação de Iluminação: Niklas Jurander LightXpose AB
Direção de Luz: Fredrik Rydehäll
Direção de Som: Martin Ekman
Direção de Palco: Tomas Björnlund
Camareira: Camilla Carlaström e Marita Tjärnström
Músicos: Nils Berg, Josef Kallerdahl, Adam Forkelid Mikael Augustsson

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