quarta-feira, 11 de março de 2015

Frida y Diego (SP)


Foto: divulgação 

Leona Cavalli e José Rubens Chachá


A história de amor de Frida Kahlo e Diego Rivera

“Frida y Diego” é uma peça sobre a história de amor entre os pintores mexicanos Frida Kahlo e Diego Rivera. Com Leona Cavalli e José Rubens Chachá no elenco, o espetáculo dirigido por Eduardo Figueiredo está em cartaz no Teatro Maison de France, no centro do Rio, depois da célebre temporada na capital paulista. Além dos bons trabalhos de interpretação, a montagem vale a pena ser vista pelo ótimo uso que ela faz dos cenários e dos figurinos de Marcio Vinicius, da iluminação de Guilherme Bonfanti, da direção musical de Guga Stroeter e das projeções de Jonas Golfeto. O texto de Maria Adelaide Amaral, no entanto, está nos diálogos do que na organização da narrativa. A ver!

“Frida y Diego” não é nem sobre Frida Kahlo (1907-1954), nem sobre Diego Rivera (1886-1957), mas sobre a história de amor dos dois entre 1929 e 1953. Por isso, ainda que traga alguns detalhes sobre a vida pregressa de ambos, o mais importante da narrativa reside no intervalo de tempo entre o primeiro encontro e a separação definitiva. O problema da dramaturgia de Maria Adelaide Amaral é que o espectador não tem em mãos nada que justifique a evolução das cenas a não ser a espera pela passagem do tempo. Nesse sentido, a fruição do espetáculo resulta no preenchimento de um check-list: o encontro, a vida nos Estados Unidos, o aborto, a separação, a volta, a casa no México, a entrada de Trotsky na história, etc.. A opção resulta em um insólito desafio para a encenação, para a interpretação e para todos os demais elementos do espetáculo. Os diálogos, no entanto, preservam grande força.
 
Leona Cavalli (Frida) e José Rubens Chachá (Diego) têm ótimos trabalhos de interpretação, obtendo com esforço algum ganho nos diálogos em termos dos diferentes momentos das vidas dos personagens. Os dois atores dizem o texto com absoluta clareza, expondo a profundidade das palavras e das realidades internas que elas revelam. Estão, em suas composições, as dores, as fraquezas, as sensualidades, as paixões, as ideias que, de fato, podem ter sido realmente trocadas por Frida e por Diego quando estiveram nesse mundo. O jeito como Cavalli e Chachá se utilizam do palco e cruzam as cenas justifica o aplauso aos seus trabalhos, mas também o pontual exercício da direção de Eduardo Figueiredo, assistido por Alex Bartelli, cujo mérito é igualmente grande. José Rubens Chachá comemora, nesse trabalho, 40 anos de carreira.

“Frida y Diego” tem excelente resultado visual. Os figurinos de Marcio Vinicius dão conta da iconicidade das figuras representadas, mas também se articulam bastante bem entre si. O cenário, também de Vinicius, possibilita níveis diferentes do uso do palco, movimento para a encenação e profundidade para a história. A iluminação de Guilherme Bonfanti emoldura os quadros, unindo bem os méritos já apontados pelo cenário e pelo figurino. A direção musical de Guga Stroeter e de Matias Capovilla marca não apenas o ritmo, mas também vincula o espetáculo com a estética de um lugar, de um tempo e de um ideal de onde a peça parte, onde ela fica e qual ela valoriza. O uso das projeções de Jonas Golfeto, por fim, resume a beleza do resultado como um todo, mas também positivamente auxilia a destacar a obra.

Ao narrar a história de amor entre Frida Kahlo e Diego Rivera, “Frida y Diego” tem o mérito de tirá-los momentaneamente do olimpo dos grandes artistas do século XX e aproximá-los do público por aquilo que os fazem humanos: o amor. Ainda que a dramaturgia imponha grandes desafios, vale dizer que a encenação vence vários deles. Bonito!

*

Ficha Técnica:
Texto: Maria Adelaide Amaral.
Direção: Eduardo Figueiredo.
Elenco: Leona Cavalli e José Rubens Chácha.
Direção musical e trilha: Guga Stroeter e Matias Capovilla.
Músicos: Wilson Feitosa (acordeon) e Mauro Domenech (baixo acústico)
Direção de arte – cenografia, figurinos e adereços: Marcio Vinicius.
Visagismo: Anderson Bueno.
 Desenho de luz: Guilherme Bonfanti.
Assistência de direção: Alex Bartelli.
Direção de movimento: Renata Brás.
Estágio de direção: Eric Mourão.
Programação visual: Vitor Vieira.
Projeto de vídeo e projeções: Jonas Golfeto.
Fotos de divulgação: Gabriel Wickbold.
Fotos de cena: Lenise Pinheiro.
Produção executiva: Ton Miranda.
Gerência de produção: Bia Izar.
Direção de produção: Maurício Machado.
Realização e produção: manhas & manias eventos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindo!