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Foto: Aline Macedo
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Mario Terra, Pedro Casarin e Bruno Quaresma |
Com ótimo trabalho de elenco, “Sobra” é quinto espetáculo Cia em Obra
Quinto espetáculo da Cia em Obra, o ótimo “Sobra” comemora os quatro anos de formação desse grupo carioca. Com texto e direção assinados por Zeca Richa, a montagem cumpriu temporada durante o mês de novembro no Teatro do Centro Municipal do Parque das Ruínas, em Santa Teresa. Eduardo Parreira, Bruno Quaresma, Mário Terra e Pedro Casarin estão no elenco em ótimos trabalhos. A dramaturgia se organiza a partir de várias histórias que, pouco a pouco, vão se encontrando no trato de personagens marginalizados que são vistos de modo comicamente ácido. Vale a pena aguardar pela volta da produção à grade teatral carioca.
Ótimo conjunto de elenco
Cansado de sua vida, um homem torce pelo fim dela, tentando chegar à morte de várias maneiras, mas sem sucesso. Uma prostituta e um batedor de carteiras vivem uma relação cheia de altos e baixos. Dois homens estão presos no trânsito, outros dois esperam uma encomenda que não chega. Uma filha procura um homem desaparecido que talvez seja seu pai. Todas essas histórias se misturam em “Sobra”, cuja dramaturgia foi escrita por Zeca Richa a partir da união entre textos de Pedro Emanuel e do trabalho dos atores na sala de ensaios. O jogo estabelecido pela narrativa vai sendo proposto como um quebra-cabeças. Contemplar seu panorama na totalidade é o desafio do espectador na medida em que a narrativa vai se aproximando do fim.
Há que se destacar na dramaturgia o jeito veloz com que os quadros surgem na cena ao longo da peça. A concisão dos diálogos e os ganchos que permitem com que eles se unam em episódios vai mantendo a atenção da assistência que, em primeiro lugar, se vê com a tarefa de entender o que está vendo para depois, afeiçoado aos personagens, se divertir.
Na multiplicidade de personagens, Eduardo Parreira, Bruno Quaresma e Pedro Casarin apresentam ótimos trabalhos de interpretação, exibindo rico repertório de expressões na construção dos enredos. Mário Terra, por outro lado, exilado em uma só figura, tem mais tempo para conquistar o público em papel delicioso que ele torna ainda melhor pela qualidade de sua defesa. Na regularidade com que se veem bons trabalhos no conjunto de elenco, há que se elogiar a direção de Zeca Richa. O modo como as cenas se articulam e o jogo é proposto são outros níveis de sua qualificada contribuição aqui.
O quarto aniversário da Cia em Obra
A luz de João Gioia e de Ana Luzia de Simoni, assim como figurino de Tiago Ribeiro, mas principalmente o cenário de Rubi Schumacher e do diretor perdem algumas chances valiosas de melhorar o ritmo da comédia. Sem investir na fluidez, mas privilegiando comentários mais herméticos nessas colaborações, eles perdem quando não agregam beleza em favor da praticidade. Por vezes, o quadro é escuro, o guarda-roupa traz problemas e o cenário parece inútil. Em todas elas, o ritmo cai negativamente precisando ser novamente levantado pelo texto e pelas interpretações. Felizmente, esses últimos conseguem nesses momentos e também nos demais.
É bonito acompanhar a história de um grupo como a Cia. em Obra. “Não há melhor lugar que a nossa casa”, “O confuso e misterioso roubo das vírgulas”, “Febril” e “Bolo de carne”, que vieram antes de “Sobra”, já revelavam a disposição do coletivo em experimentar, em investigar e em oferecer reflexões e entretenimento. Que venham novos aniversários e muitos outros espetáculos! Parabéns!
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“Sobra”
Texto original e Direção: Zeca Richa
Interlocução dramatúrgica: Pedro Emanuel
Elenco: Bruno Quaresma, Eduardo Parreira, Mário Terra e Pedro Casarin
Iluminação: Ana Luzia de Simoni e João Gioia
Cenografia: Rubi Schumacher e Zeca Richa
Cenotécnico: Dodô Giovanetti
Figurino e Adereços: Tiago Ribeiro
Trilha Original: Mário Terra e Eduardo Parreira
Produção e Realização: Cia em Obra
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