quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Hominus Brasilis (RJ)

Foto: divulgação



Essencial na programação de teatro

“Hominus Brasilis” vem recebendo merecidos elogios desde o fim de novembro de 2014 quando estreou. Sem cenário, com um figurino neutro, sem desenho de luz, nem trilha sonora, com raras palavras e nenhum diálogo verbal, os atores Dio Cavalcanti, Helena Marques, Matheus Lima e Patrícia Ueba da Cia. De Teatro Manual contam a história da humanidade. O resultado, cujo nível de beleza é altíssimo, expõe a potencialidade do homem em fazer criar o mundo nem que seja (e já é muito!) na imaginação. Participante do Festival Midrash de Teatro, o espetáculo cumpre apresentações às quintas-feiras até o início de fevereiro próximo no centro cultural que fica no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Imperdível pra toda a família!

A dramaturgia tem o grande mérito de partir do encontro entre os atores com o público. A peça começa quando Dio Cavalcanti, Helena Marques, Matheus Lima e Patrícia Ueba sobem na pequena plataforma retangular (2m por 1m) onde toda a encenação acontecerá. De um lado, o momento cria as bases para a poética do acontecimento teatral. De outro, ao fazer isso, o grupo de intérpretes se veste da poética criada, tornando-a potencialmente ainda mais criadora e criativa. A partir disso, ainda que o contrato já esteja feito, restará ao público a confirmação de que sua imaginação será ricamente alimentada. Aos atores, caberá nutrir a audiência de imagens cada vez mais exigentes. Supervisionada por Julio Adrião, célebre por sua montagem de “A descoberta das Américas”, do início ao fim, a peça “Hominus Brasilis” confirma as expectativas e realiza em plenitude seu intento maior que parece ser o de glorificar o homem e a sua infinita capacidade criadora.

No trabalho interpretativo, os atores dão conta dos sons, das imagens corporais, da movimentação e principalmente da musicalidade de que essa produção, na sua “pobreza”, se vale para ser comparada, como tem sido, aos melhores espetáculos da temporada. Dos dinossauros ao nascimento do fogo, do aparecimento do homem às grandes navegações, das batalhas políticas à sociedade de consumo, a interpretação luminosa de Patrícia Ueba, o vigor altamente expressivo do gestual de Matheus Lima e todo o elenco em conjunto e em cada parte apresentam excelente trabalho.

“Hominus Brasilis” talvez lembre um dos motivos pelos quais o teatro é uma arte tão antiga e tão importante para a humanidade. No melhor da sua essência, é sempre uma arte do encontro entre alguém que interpreta com alguém que assiste de forma que todo o resto fica em segundo plano. Pela excelência de ser o que é, valem aplausos repetidos, temporadas cheias e vida longa. Evoé!

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FICHA TÉCNICA:
Idealização: Matheus Lima e Helena Marques
Dramaturgia, Concepção e Direção: Cia de Teatro Manual
Supervisão de Cena: Julio Adrião
Elenco: Dio Cavalcanti, Helena Marques, Matheus Lima e Patrícia Ubeda
Colaboração Artística e Stand In: Camila Nhary, Bernardo Schlegel, Diego de Abreu
Iluminação: Gustavo Weber
Operação de Luz: Júlia Faria
Identidade Visual (Arte Gráfica): Thais Gallart
Desenhos: Nicole Schlegel
Ilustrações: Nicole Schlegel
Figurino: Camila Nhary
Assessoria de Imprensa: Clarissa Cogo
Produção Executiva: Bernardo Schlegel e Juliana Trimer
Produção: Botão Cultural
Realização: Cia de Teatro Manual (Dio Cavalcanti, Helena Marques, Matheus Lima e Patrícia Ubeda

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