Filipe Codeço é o palhaço Batatinha |
O bom trabalho de Filipe Codeço
“Crônica de um paraíso fantástico” é um espetáculo de teatro-cinema de Filipe Codeço. Com direção de Breno Sanches, o todo faz fortes referências ao expressionismo alemão, com uma estética que une, em seu percurso, o clown à tortuosidade. A proposta é interessante: o tom trágico do palhaço vagabundo, cuja vida é uma prisão sem lógica, pode resultar em uma visão deformada do mundo pelas expectativas não alcançadas. A dramaturgia cênica de Sanches e de Codeço é engraçada, porque recheada de gags que dão bom ritmo ao todo. A participação do cinema, no entanto, é positiva em si, mas não faz boa articulação com a cena, porque pesa o ritmo na medida em que explica a história (e pouco além). O tom de experimento da produção, nesse sentido, justifica as escolhas e aponta para uma oportunidade do teatro carioca de se descobrir.
O palhaço Batatinha foi criado em laboratório por um cientista, mas não ficou como o esperado. A vagar desolado pelo mundo, resolve tirar a própria vida, acabando em um lugar onde também encontra outros “errados”. No contorno da narrativa, conhecemos Batatinha, depois sua história e, por fim, seu desfecho. Codeço, que interpreta o protagonista, é quem tem o melhor desempenho em cena, extraindo ,das situações, além de graça, altas doses de poesia. Com função mais narrativa do que propriamente teatral, os demais trabalham não desagradam, mas não promovem o equilíbrio.
Os demais elementos de “Crônica de um paraíso fantástico” dão bom resultado, explorando o visual de forma bem cuidada, potente e interessante. Os figurinos de Camila Nhary, mas principalmente os adereços de Tuca são construídos de forma meticulosa, prestando bom serviço à dramaturgia e à direção.
É ótimo assistir a um grupo interessado na pesquisa do universo do clown, esse gênero de personagem tão contemporâneo, com tanto a se dizer, além de, claro, divertir e emocionar.
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FICHA TÉCNICA
Idealização: Filipe Codeço
Direção: Breno Sanches
Atuação: Marcela Coelho, Filipe Codeço, Tarik Nassaralla e participação especial de Rafael Mannheimer
Dramaturgia: Breno Sanches e Filipe Codeço
Cenografia e Desenhos: Lara Paciello
Figurino: Camila Nhary
Adereços: Tuca
Trilha Sonora: Lula Mattos
Visagismo: Isabel Chavarri
Iluminação: Pedro Struchiner
Coreografia: Victor Maia
Videografismo: Filipe Codeço e Victor Nogueira
Design Gráfico: Fernando Codeço
Cartonagem do Caixão Cênico: Angella Codeço
Assessoria de Comunicação: Lyvia Rodrigues
Produção: Filipe Codeço
Realização: Roda Produtiva
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