segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fora do Normal (RJ)

Apesar do preconceito, o stand up comedy é
um tipo de humor tão válido quanto os outros
Foto: divulgação

O humor rápido para o público online

Humor. Fábio Porchat é um ator comediante. Um humorista. Como tal, representa a classe dos artistas (cênicos) que ficou mais empobrecida com a morte do grande Chico Anysio, mas não menos viva. “Fora do Normal” é um stand up comedy, um gênero quase tão antigo como o teatro e, desde sempre, desvalorizado (infelizmente) pelos “preconceituosos de plantão”. Não há cenários, não há trilha sonora e nem desenho de iluminação. O figurino é simples, porque atende à indefinição do personagem. Na verdade, nesse tipo de stand up comedy, não há personagem, mas uma figura que circula pelas histórias que o ator conta, de forma que seja impossível saber exatamente onde termina o ator e onde começa a ficção. Como em toda comédia, o ritmo é um dos elementos mais importantes e não existe ritmo certo ou ritmo errado para a comédia sem pensarmos sobre qual tipo de comédia estamos falando. E é essa a questão mais interessante de “Fora do Normal”. Como espetáculo, o espetáculo agrada quem está acostumado com o ritmo veloz da internet, com o tipo de ironia que não está apenas no texto, mas no contexto, e com forte ligação às piadas que circulam nas redes sociais. Marcadamente, o espetáculo é para esse público “online” e isso não é um desvalor. 

Fábio Porchat tem um ritmo muito rápido ao unir as histórias, ao articular as palavras e ao dar coesão para os outros signos corporais. Quem é mais lento perde o tom, perde-se na narrativa e ouve os outros rirem sem saber do que estão se divertindo. Quem é rápido e acompanha ri até mesmo do jeito rápido das piadas serem contadas. Com visões extremamente atuais de temas já gastos, o texto brinca com o tamanho do Brasil, com as diferenças culturais entre os países e os diferentes povos dentro do nosso mesmo país, com as relações entre homens e mulheres, jovens e velhos, gordos e magros, esportistas e sedentários. O preconceito e o apelo rasteiro aos palavrões, que normalmente fazem parte desse tipo de humor, aparecem abrandados, talvez, enobrecidos ou, quem sabe, disfarçados pela expressão de “bom moço” que Porchat, usando aliança na mão esquerda, positivamente sustenta. 

Como todo e qualquer espetáculo, o stand up comedy é feito da união entre talento e técnico. Sendo o teatro, aquele encontro em que A interpreta B diante de C, pode-se dizer que “Fora do Normal” atinge plenamente o objetivo que traçou para si e, por isso, é uma ótima opção para quem sabe ao que vai assistir. Aplausos. 

*

Texto, direção e interpretação: Fábio Porchat

Um comentário:

  1. Gostei muito da crítica e também merece aplausos por ter feito uma de um espetáculo de stand-up comedy, fato que quase nunca acontece. Continue a assistir e a fazer críticas de stand-up. Os admiradores e estudiosos do gênero, como eu, agradecem. Parabéns, Rodrigo! Já assisti ao solo de stand-up do Porchat mais de 5 vezes e não me canso. Ele é genial!

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