História de parte da nossa música
“Emilinha & Marlene – As rainhas do rádio” é uma comédia musical cuja elementar importância está no resgate da história de duas das maiores cantoras brasileiras da história: Emilinha Borba e Marlene. Em três horas de duração, a plateia tem o privilégio de acompanhar a narrativa da vida dessas duas grandes artistas enquanto conhece (ou reconhece) um olhar por sobre a história da música nacional em boa parte do século XX. Em cena, Stella Maria Rodrigues (substituindo Vanessa Gerbelli, como Emilinha) e Solange Badim (como Marlene) dão vida às cantoras e, através delas, propiciam a construção de um universo significativo que é rico porque potente: a fama, o dinheiro, a arte de cantar, começando na era de ouro do rádio e terminando nos anos contemporâneos. Com vários méritos, a produção tem Direção Geral de Antônio de Bonis e Direção Musical de Marcelo Alonso Neves, ambos trabalhos elogiáveis em vários aspectos.
Duas irmãs, Bia (Angela Rebello) e Gegê (Andrea Dantas), guardam velhas roupas e fotografias em malas de viagem, despedindo-se da velha casa de sua mãe, recém falecida, no cenário funcional e qualificado de Sérgio Marimba, que localiza a orquestra acima, aproximando as cantoras e o elenco do público. Cada uma das irmãs é fã de uma das cantoras-título e isso é causa de uma briga que começou na época de suas adolescências e prossegue até hoje. Essas personagens, que conhecem a fundo as vidas de Emilinha e de Marlene, são o fio condutor da história que começa em 1949. As interpretações de Rebello e Dantas são delicadas, atendendo à função que executam no roteiro de forma adequada e positiva. Elas dão força ao hábito saudável de ter ídolos artísticos e são representantes de fãs que, além da narrativa, tanto Emilinha como Marlene acumularam e mantém nos diversos cantos do país ao longo das últimas sete décadas. Cristiano Gualda, Luiz Nicolau e Ettore Zuim se alternam nos muitos personagens masculinos, enquanto Cilene Guedes e Mona Vilardo, que também assina a Preparação Vocal do elenco, nos personagens femininos, compondo o elenco de apoio. Apesar de haver um surpreendente destaque positivo para a interpretação de Bibi Ferreira por Guedes, não há problemas na apresentação desses personagens, cujas construções são positivamente surperficiais, atendendo à ordem das ilustrações e, por isso, contribuindo por proporcionar rápidas e efetivas identificações, dando velocidade ao desenvolvimento da história. Se há um aspecto negativo nesse quesito, é o sotaque gaúcho, esse mais caricato do que realmente ilustrativo.
Solange Badin e Stella Maria Rodrigues cantam de forma a valorizar as músicas, suas interpretações propiciam situações cômicas e dramáticas que divertem e emocionam o público dando vida não apenas à Marlene e à Emilinha, mas à Victoria Bonaiutti De Martino (1922) e à Emília Savana da Silva Borba (1921-2005), no âmbito de suas emoções, suas relações familiares e seus sonhos. O único problema da produção que elas protagonizam é o desenho da dramaturgia, essa assinada por Thereza Falcão e Júlio Fischer.
Esquecendo Emilinha e Marlene que, de fato, existiram e existem além da narrativa, e focando nossa atenção pelas figuras representadas na produção cênica, o texto se concentra na equanimidade existente entre as duas cantoras. Para não haver desequilíbrio, as intenções, então, agem no sentido de fazer com que ambas as personagens tenham o mesmo peso, de forma que, durante todo o tempo da apresentação, uma suceda a outra e o final seja um empate cujo vencedor maior é o público do teatro e da música brasileira. Infelizmente, não é isso que acontece e, como dito no parágrafo acima, as marcas disso são facilmente encontradas na dramaturgia uma vez que Badim e Rodrigues cantam e interpretam igualmente muito bem, os figurinos de Rosa Magalhães são destacáveis positivamente como um dos maiores valores estéticos do espetáculo em seu conjunto e o repertório escolhido por Neves, tão valorosamente interpretado pelos músicos, é acertadíssimo porque é, em cada um de seus números, representante de uma época que não pode ser esquecida em nenhum dos seus diferenciais. Onde, no roteiro, está o desnível?
Emilinha e Marlene, as personagens, só são realmente opostas no contexto da Rádio Nacional, parte que dramaturgicamente é compreendida apenas no primeiro ato do espetáculo. Emilinha era a favorita do público quando apareceu Marlene. Uma delas ganha o concurso de Rainha do Rádio em um ano e a outra virá a vencer o mesmo prêmio algum tempo depois. Antes disso, informação que consta no vídeo promocional e no programa, mas não está, infelizmente em cena, uma foi eleita como a favorita da Marinha e a outra da Aeronáutica, apimentando a disputa. Nesse contexto, há a vibrante dúvida que impulsiona a narrativa para frente (e para o ápice, movimento tão caro ao gênero comédia musical): quem é a maior? Emilinha ou Marlene? Ao invés da exploração máxima desse contexto, os roteiristas optaram por ir adiante na biografia das artistas. Mas, embora o duelo permaneça no imaginário dos fãs, além desse contexto, na prática, ele não mais acontece. Marlene segue se reinventando, vai a Paris e canta com Edith Piaf, grava Bossa Nova, é censurada pela Ditadura Militar e chega aos anos 80 como uma das maiores cantores brasileiras daquela atualidade e não só da história. Emilinha, a personagem, grava Boleros, opta por uma vida mais familiar, sofre de uma doença nas cordas vocais, permanece anos sem gravar e termina sua vida vendendo, ela própria, CDs numa banca de praça. Numa entrevista reproduzida no espetáculo, mas também que aconteceu fora da narrativa, as duas discutem de igual para igual. O tema da conversa é o passado na Rádio Nacional. Ambas sabem que, nos anos que se seguiram, a carreira de Marlene é superior à de Emilinha. Além disso, o segundo ato que, por tudo isso, parece caminhar muito mais devagar do que o primeiro, é descendente, uma vez que ditadura militar, doença, velhice e pobreza são temas que pesam, puxam os sentimentos para baixo e conduzem a um negativo anti-ápice. A frustração aumenta com a não interpretação de “Cantoras do Rádio”, não gravada pelas cantoras existentes além da narrativa, mas afirmativamente parte do seu universo icônico.
Assim como “Sassaricando”, “Emilinha & Marlene” é um espetáculo que, pelo conjunto dos seus valores estéticos, em especial, aqueles que dizem respeito à reprodução de um olhar por sobre a história da música brasileira, merece ser assistido pelo público de todas as capitais do país. O belíssimo trabalho da orquestra, o carisma, a técnica e o talento expressos nas vozes de Solange Badim (já elogiada em “Oui Oui – a França é aqui”) e de Stella Maria Rodrigues e os figurinos já destacados de Rosa Magalhães são elementos que, porque arregimentados eficientemente por Bonis e por Neves, valorizam e fazem valorizar a fortuna artística que, enquanto povo, nós temos e as novas gerações precisam conhecer.
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Ficha técnica:
Texto: Thereza Falcão e Júlio Fischer
Direção Geral: Antônio de Bonis
Direção Musical: Marcelo Alonso Neves
Direção de Movimento: Márcia Rubin
Cenografia: Sergio Marimba
Figurino: Rosa Magalhães
Iluminação: Jorginho de Carvalho
Projeto de Sonorização: Andrea Zeni
Visagismo: Uirandê Holanda
Pesquisa: Eva Joory e Rodrigo Faour
Projeto Gráfico: Guilherme Leite Ribeiro
Direção de Produção: Isabel Themudo e Estela Albani
Produção Executiva, Captação de Apoios e Administração: Tiago Morenno
Assistente de Produção: Thiago Paschoa
Gerente de Projeto: Rodrigo Gerstner
Assessoria de Imprensa: João Pontes e Stella Stephany
Assistente de Direção: Lenita Lopez
Assistente de Direção Musical e Preparação Vocal: Mona Vilardo
Assistente de Sonorização: Everton Rocha
Assistentes de Cenografia: Débora Mazloum e Glicia Gomes
Produção Cenográfica: Cláudia Torres
Cenotécnica: Hélice Produções
Assistente de Iluminação: Daniel Galvan
Assistente de Figurino: Mauro Leite
Estagiária de Figurino: Bekia Motta
Assistente Visagismo: Daniel Martins
Fotografias: Estela Albani
Técnica de Som: Joyce Santiago
Microfonista: Jamile Regina
Operador de Luz: Rodrigo Bezerra de Mello
Diretor de Palco: Paulo Bandeira
Contra-regra: João Paulo Damata
Maquinista: Ronaldo Garcia
Falou, falou, mas parece que só viu o musical uma vez, pois não falou na interpretação de Vanessa Gerbelli como Emilinha. As duas são maravilhosas, (estou falando da Vanessa e de Stella) Eu posso dizer que o musical é de primeira, não tem nada errado, e é cômico nas horas certas. Quanto a Emilinha vender CD nas ruas o cantor (vereador) Aguinaldo foi o primeiro. Culpado disso é a mídia que só dão valor ao artista depois que eles morrem, e é por isto que não se tem mais compositor como antigamente, hoje só fazem baboseiras pra vender e depois somem. Até hoje as músicas antigas são cantadas e as novas passam como vendaval. Estão de parabéns todos os Atores e Atrizes, a orquestra fabulosa e Viva o MUSICAL EMILINHA & MARLENE- Gesa Vasconcelos
ResponderExcluirEstamos em um país democrático! A imprensa ainda é livre e a crítica ao Musical não é de todo desconsiderada! Outros críticos, de grande relevância em nossa mídia, fizeram críticas maravilhosas ao Musical em referência! Solange Badin, interpretando Marlene, foi selecionada entre as 5 (cinco) melhores atrizes de 2011, isto através de críticos renomados! Achei longo o comentário, e no fundo deixa no ar a grande verdade: O Musical é excelente e arrebata o público. Casa cheia em todas as apresentações, e os aplausos explodem no final do espetáculo. Um musical Imperdível, e que sem dúvida, fará grande sucesso pelo nosso Brasil a fora! Espetacular, Maravilhoso, Imperdível!!!!
ResponderExcluirCrítica abalisada...concordo e acrescento se possivel uma avaliação fora fanatismo...quem foi ou é a maior!!! Notória o peso talentoso do papel que Badim interpreta, por sinal muito bem!A atriz encontra todas as possibilidades de palco...o texto flui e a trilha é perfeita...Achei um tanto fora do padrão o figurino do personagem Marlene..que era elegante e ousada, bom gosto não chegou no musical, ao contrário da outra personagem...que está bem mais costurado e delineado...um guarda roupa até bonito...A falta de explicação inicial..confunde publico jovem que não conhece a historia real...e depois se atropela com tamanha carga de acontecimentos...mas é teatro, tempo...tudo isso. Aceita-se pela beleza de direção...músicos e coadjuvantes...Aplausos para a atriz que faz Bibi! Quem ganha realmente é o teatro brasileiro, o musical carioca...a historia do radio...das fanzocas e da música! Sai do teatro de alma lavada...se houve disputa e ainda uma rivalidade capenga...Besteira, temos que respeitar todas as cantoras, rainhas ou não...aliás, respeitar todo mundo...o que está faltando na porta|entrada do teatro...um disse me disse, fofocagem...de histerismo fanático...ora, estamos em 2012!!! Viva as rainhas do Radio!
ResponderExcluirConcordo plenamente cm a crítica postada,concordando também que a atriz Solange Badin se sobressai a olhos vistos no musical, isto em razão de suas interpretações fortes e sensuais, onde Marlene, cantora e atriz, oferece todas as ferramentas necessárias para um melhor desempenho da Badin. Concordo também com a falha no figurino da personagem Marlene, que sempre primou pela ousada muito bom gosto. Não se observa isso no musical! Lembro-me que a mesma era considerada na época como uma das 10 mais elegantes de diversos colunistas sociais do RJ Pequenas falhas, mas o resultado final é excelente! Musical maravilhoso e fadado a sucesso nacional! Elas merecem!!!!!!!!
ResponderExcluirET; Solange Bain foi selecinada por críticos teatrais através da Revista Quem, como uma das 5 (cinco)melhores atrizes de 2011, pela sua apresentaçã no musical Emilinha e Marlene! Parabéns Solange!!!!!!
Excelente o comentário acima postado em 19/01/12. Bem colocada a falha no figurino do personagem Marlene, um mulher ousada, de bom gosto e que figurava na época, como uma das 10 (dez) mais elegantes de críticos sociais do RJ. Isso não é apresentado no musical. Badin excelente em seus números, em razão de Marlene , cantora e atriz, oferecer-lhe as ferramentas necessárias para seu melhor desempenho. Números fortes e sensuais (teatralizados). Badin foi selecionada pela Revista Quem entre as 5 (cinco) melhores atrizes de 2011 por essa apresentação! Parabéns Solange, vc merece!!!!! Em síntese: Musical maravilhoso, elenco esplêndido, e todos saem do musical de alma lavada. Espetáculo fadado a sucesso nacional!!!!!!!
ResponderExcluirEsplendido musical carioca...que emoção retornar ao clima da Nacional...muito bem produzido num cenário fantasioso...os músicos excelentes com atores se intercalando num magistral ato de direção! Parabéns!!!
ResponderExcluirSolange Badim de repente aparece no palco e toma conta do espetáculo...assim foi na carreira da personagem Marlene...assim foi a vida da paulista que foi premiada com um cheque e consagrou-se Rainha...teve méritos e o espetáculo mostra isso...no segundo ato já se percebe o porque dos admiradores darem tantos títulos a cantora...e o mais perfeito é "A Incomparável"....Nem precisa ser "A Maior"!
O musical tem que viajar pelo Brasil...marlenistas e emilinistas...público em geral vai amar o deslizar de sucessos que o povo canta até hoje..Se é pecado Sambar!!!
Bravo a todos do elenco...obrigado pelo espetáculo!
Gente o figurino está ótimo, eu não consigo vê falha em nada. Até as atrizes que fazem as fãs quando uma não está à outra entra são fantásticas. Vanessa Gerbelli, Solange Badim e Stella Maria são maravilhosas, elas merecem todos os prêmios. O que está em pauta é o figurino, eu particularmente não vejo nada de anormal. Antes de o musical ter sido apresentado, esteve em nosso Fã Clube Rosa Magalhães e viu toda roupa de Emilinha e assim fez também no de Marlene. Volto a dizer VIVA O MUSICAL EMILINHA E MARLENE-- Gesa
ResponderExcluirEspetáculo lindo e emocionante..elenco de apoio de dar inveja a muito elenco principal..Direção explendorosa...toda parte de acessórios lindas e diga-me de passagem feita pela loja Lulu Bijoux situada no catete.. www.lulubijoux.com.br
ResponderExcluirquem ´´e a maior? quem e a mais brejeira,ecletica,carismatica,quem tem musicas mais conhecidas pelo publico brasileiro,quem tem a voz mais bonita.emilinha é a maior sem duvida nenhuma.
ResponderExcluiremilinha é a maior.vejamos canta melhor,é ecletica,brejeira,possui mais sucessos,carismatica.a outra só sabia mecher com as pernas e braços. o espetaculo quando fala sobre emilinha é ótimo.
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