terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Desesperados (RJ)

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Foto: divulgação


Pedroca Monteiro, Marcus Majella e Pablo Sanábio

Deliciosa comédia

“Desesperados” é a nova ótima comédia dirigida por João Fonseca. Escrita por Fernando Ceylão, ela narra as desventuras de Bia e de Marcondes em dias preenchidos por mais de quatro dezenas de outros personagens tão desesperados quanto eles. Marcus Majella, Pablo Sanábio e Pedroca Monteiro, esse último indicado ao Prêmio APTR de Melhor Ator Coadjuvante de 2016, estão no elenco em atuações engraçadíssimas que revelam, além disso, suas vastas variedades expressivas aqui disponíveis. A peça estreou na última sexta-feira, dia 17 de fevereiro, no Teatro Abel, em Niteroi (RJ), e segue para Americana (SP), Manaus (AM) e para outras cidades desse enorme Brasil nas próximas semanas.


Ótimo texto de Fernando Ceylão
São várias histórias paralelas justapostas que, talvez, se encontram de alguma forma na excelência do texto de Fernando Ceylão. Cheia de problemas familiares, a designer Bia (Pablo Sanábio) levou um fora do namorado na mesma época em que foi demitida e agora está inconsolável. Em outra região da cidade, em uma noite, o antigo brigão da escola Marcondes (Marcus Majella) esbarra com Ricardo (Pedroca Monteiro), uma de suas vítimas e por ele se apaixona. Só que Ricardo é hétero e, no momento, está tentando oxigenar seu casamento, obtendo novas fontes de renda. O público acompanha, ao longo da narrativa, as desgraças nas vidas desses personagens e de muitos outros em volta deles.

Com maestria, Ceylão emparelha inúmeras anedotas, permitindo que, aos poucos, o público estabeleça (ou perceba) relações muito sensíveis entre elas. Lá pelas tantas, o emaranhado é tão grande que, no melhor momento da dramaturgia, a narrativa ultrapassa seus limites e invade a linguagem. Quem assistir descobrirá uma “rebelião” do conteúdo sobre a forma, expondo de modo interessantíssimo o quanto esses dois pontos de vista estão misturados.

João Fonseca e os outros méritos da produção
A direção de João Fonseca, contribuindo com a proposta do texto, faz com que o jogo entre os atores na encenação assuma o seu protagonismo no argumento. Os três atores – Sanábio, Majella e Monteiro – dão vida aos mais de quarenta personagens de “Desesperados” por meio de composições corporais e vocais, mas essas são bastante ajudadas por um elemento cenográfico: placas com indicações verbais das figuras interpretadas e dos objetos participantes. Durante o espetáculo, os intérpretes colam (e descolam) no próprio corpo palavras que, em primeiro momento, ajudam o público a compreender a evolução dos quadros, mas depois se tornam o próprio quadro. O ritmo é exuberante em mais uma meritosa direção de Fonseca.

O cenário de Daniel de Jesus cumpre movimento similar às placas na construção do sentido de “Desesperados”. Inúmeras mesas e cadeiras de plástico vermelhas, compondo um fundo e invadindo o palco na composição das cenas, ajudam a destacar os personagens vestidos de preto em panorama essencialmente da mesma cor. Porém, elas dão a ver uma espécie de teia em que os inúmeros personagens estão envolvidos, essa um sistema que, mesmo fora da ficção, é capaz de fazer todos se desesperar. Consequentemente, o cenário assim aponta o heroísmo de quem mantém a sanidade em meio ao caos. A peça tem figurino da Reserva, luz de Daniela Sanchez e trilha sonora de Carol Portes, essa que assina também a assistência de direção. Vale destacar a coreografia de Clara da Costa em uma deliciosa brincadeira dessa peça com o filme “La La Land”.

Os três intérpretes oferecem ótimas atuações, valorizando as intenções, o jogo da comédia, o fluxo cheio de quebras da narrativa e sobretudo o vibrante diálogo com o público. Cheio de carisma, o trio traz a atenção da audiência e a sustenta ao longo de toda a sessão de modo elogiável. Sai-se do teatro, levando para casa seus personagens favoritos e suas piadas preferidas, o que marca o alcance do objetivo com sucesso na defesa de valores estéticos.

Um viva para a boa comédia
Talvez um dos resquícios de nosso longo período de colonização seja o pouco apreço que damos às comédias apesar desse ser nosso gênero preferido na hora de escolher ao que assistir seja no televisão, no cinema ou no teatro. Por que quase nunca as narrativas cômicas são indicadas a prêmios e os intérpretes que mais frequentemente se envolvem com esse tipo de composição são pouco valorizados? Nosso país - tão célebre pelo seu carnaval, capaz até mesmo de fazer piada com suas piores desgraças - deveria “sair do armário” e assumir aquilo que mais espontaneamente leva o nosso aplauso. Vale a pena aplaudir “Desesperados” e se divertir com esse trabalho da Gargalho e da Chaim Produções. Vida longa!

*

FICHA TÉCNICA
Texto e Concepção: Fernando Ceylão
Direção: João Fonseca
Assistente de Direção: Carol Portes

Elenco:
Marcus Majella - Marcondes / Leila / Marcia / Strip / Ladrao / advogado / Dependente 1 / Chefe
Pablo Sanábio - Bia / Advogado / Strip / Amigo / Dependente 3 / TV Divã/ Diretor / Ladrao / Mente de Ricardo / Garçons / Uber
Pedroca Monteiro - Ricardo / Monica / Marcondes ideal / Amigo / Crispim / Daniel / Renato / Polícia / Manicure / Cabeleireiro

Cenário: Daniel de Jesus
Trilha Sonora: Carol Portes
Figurino: Reserva
Iluminação: Daniela Sanchez
Coreógrafa: Clara da Costa
Música da Bia: Tony Lucchesi
Operador de luz: Rayner Basilio
Operador de Luz e Contrarregra: Tallys Moreno
Produção Executiva: Arthur Monteiro
Produção Geral: Sandro Chaim
Idealização: Marcus Majella e Pablo Sanábio
Realização: Gargalho Produções e Chaim Produções

6 comentários:

  1. tenho acompanhado teu trabalho por aqui e admiro muito!

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  2. Adoro Majella, mas essa peça deu vontade de pedir o dinheiro de volta! Eu e meu esposo, que amamos comédias, não achamos a menor graça. O texto é ruim demais!
    Desculpem, mas não pago nunca mais!

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  3. Acompanho Majella há muito tempo, mas esse espetáculo deu vontade de sair de fininho. O texto é muito ruim. Eu e meu esposo não achamos a menor graça. Me desculpem meninos, sei que é o trabalho de vocês, mas também tem nosso dinheiro envolvido, se pudesse pegava de volta, porque dessa vez, foi bem ruim.

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  4. Nunca fui no teatro do nortshopping e quando fui já me deparo com tudo sujo. Sem contar que peça ruim heim? os caras tem talento absurdo mas, na peça cheguei a quase vomitar quando houve uma parte em que ironizaram e brincaram como se o estrupo fosse algo legal.
    Lamentável ver grandes artista apelarem um publico desse jeito.
    E ainda nao entendi o porque do namorado do Marcos Majela estava quase entrando no palco "tentando" se esconder atras da cochia. Gente que peça teatral fraca foi essa de vocês. Totalmente diferente do que estou a costumada a ver.

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  5. A pior peça que já vi na vida Porra louquice! Não acrescentou nada, só perdi meu dinheiro e o meu precioso tempo. Não percam o seu!

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